*Rangel Alves da Costa
Passo agora e só encontro escombros. Conheço
a história de imponência, de pujança, de riquezas e poderes, mas passo agora e
só encontro escombros. O coronel já não existe, aquele coronelismo está
enterrado com o poderoso senhor dono de mundo, com o tenebroso dedo feudal em
riste apontando para a terra, para o bicho e para o homem, e tendo aquele em
mais valia que este. Antigo casarão rodeado de jagunços, capazes, matadores.
Centro de poder e mando, dali saía a ordem para eleger governantes, para
açoitar o trabalhador, para perseguir desafetos, para a emboscada e a morte. Um
mundo sem fim de terras numa terra de sem-fim, mas tudo com o seu tempo certo
de existência. Quando, sobre o terno de linho branco, respinga a ferrugem do
tempo é por que o fim de tudo se aproxima. E o poder e mando desmoronam com a
própria morte, com o coronelismo defuntesco que não vale nada além de um resto
qualquer, toda a herança vai sendo carcomida como carniça apodrecida. E, mais
tarde, somente restarão os escombros. Estes mesmos escombros que agora encontro
pelos meus caminhos na vida e na história.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário