*Rangel Alves da Costa
Agora é noite, já depois das sete. A lua
sumiu para a chuva cair, mas apenas chuviscos. Por causa do tempo molhado, as
ruas já estão nuas, silenciosas, mais escurecidas e mais sonolentas. Mas não no
íntimo de quem faz despertar sentimentos com os chuviscos que caem. Tudo chega
como uma poesia molhada, uma nostalgia sem face, um enternecimento que vai
remoendo por dentro. Um instante de solidão, de noite sem voz, de bocas apenas
trêmulas. Um instante de leve entristecimento, de distantes recordações, de
reencontros. Dá uma saudade grande, dá uma vontade imensa de muito indecifrável
ao coração. Querer apenas ter, pois o instante assim motiva e chama. Talvez
porque esteja mais frio, um friozinho assim de abraço, de carícia, de cafuné e
de qualquer palavra pertinho da face. Um beijo talvez, um abraço talvez. Mas
somente o pensamento para desejar companhia quando não há nada além da solidão
da chuva lá fora, dos chuviscos que respingam por dentro também.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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