*Rangel Alves da Costa
Verdade que ainda há a memória de um Brasil
da Bossa Nova, da Tropicália, do Clube da Esquina, dos Grandes Festivais. E
também um Brasil da música sertaneja de raiz, da viola de pinho e duplas
famosas: Tonico e Tino, Zico e Zeca, Tião Carreiro e Pardinho, Liu e Léu. Um
país com nomes como Tom Jobim, João Gilberto, Betânia, Caetano, Gal, Gil, além
de outros mais remotos, merece ser musicalmente relembrado. Um cheiro de
nordestinidade na sanfona e na voz de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e tantos
outros. Mas o que dizer desse Brasil da baianada, do axé, do sertanejo
universitário, da sofrência e da cornice? Contudo, já faz muito tempo que tais
ritmos musicais são engolidos forçadamente. Nos últimos vinte anos, ou talvez
um pouco menos, as safras musicais surgidas são verdadeiramente de enojar. Não
há mais música que preste, não há mais cantor que preste. Para uma ideia dos
absurdos, de canto a outro só dá gente vendendo gato por lebre. Duplas de
romantismo brega se passando por duplas sertanejas, gente cantando qualquer
porcaria e dizendo que é música, bandas que só mudam o nome, pois tudo no mesmo
ritmo eletrônico. Engula quem quiser, mas eu vomito na hora todo e qualquer
Safadão, Pablo, Marília Mendonça, Samira e o escambau da mesma laia. Engula
quem quiser, mas sinto náuseas só em citar tais nomes.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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