SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

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domingo, 21 de março de 2010

NO REINO DO REI MENINO – XLI

NO REINO DO REI MENINO – XLI

Rangel Alves da Costa*


Nas terras do Reino de Oninem habitavam centenas de seres das florestas. Eram duendes, gnomos, elfos, dríades, fadas, silfos, hamadríades, bem como centauros, unicórnios e outros elementais da natureza. Quando os dois duendes chegaram apressados pelos ares, com aspectos de preocupação e levando a coroa real, assim que tomaram conhecimento do que realmente se tratava aquele gesto que mais parecia uma ladroeice, logos se reuniram em torno do lago encantado para decidirem o que fazer.
As opiniões foram as mais divergentes possíveis. O centauro afirmou que seria melhor ouvir o senhor supremo do reino encantado sobre o que deveriam fazer; o elfo disse que essa ideia era a mais correta, só que levariam muito tempo para obterem uma resposta; o gnomo confirmou as palavras do elfo e pregou que eles mesmo deveriam buscar uma solução imediata; foi quando uma fadinha que bailava pelo ar pediu a palavra e perguntou se todos gostavam sinceramente do pequeno rei, e como todos responderam positivamente ela deu a grande ideia: vamos nos esforçar para fazer uma coroa igualzinha àquela que os duendes trouxeram, de modo que ele tenha a sua coroa de volta e possa vender a outra, já que os ditos compradores não vão perceber que é uma cópia.
- Mas como poderemos construir, de modo idêntico, uma coroa de ouro puro e da melhor qualidade, com todas aquelas joias e preciosidades que estão incrustadas nela? - perguntou o unicórnio.
- Boa pergunta e eis uma questão a ser resolvida. Mas eu sei que todos nós que vivemos nas florestas, seja de qualquer espécie for, muito ou pouco, mas tem ouro, pedras preciosas e diamantes escondido pelas tocas, grutas, enterrados em buracos, nos troncos das árvores. Não somente ouro, como também jades, rubis, diamantes e toda uma grande quantidade de esmeraldas. É só cada um querer, ir escondidinho buscar uma parte de sua riqueza onde estiver escondida e pronto, com o esforço de todos em pouco tempo construiremos uma coroa igualzinha à coroa verdadeira - Sintetizou o elfo, tentando resolver logo o problema e sem deixar saída para aqueles mais sovinas, mãos-de-figa.
Mas havia surgido outro problema, observou um duende. Sim, poderiam conseguir todos os minerais e metais necessários para fazer a coroa, mas onde trabalhá-la, lapidá-la, forjá-la no fogo, incrustá-la com o buril, pedra a pedra, diamante por diamante? Foi quando o unicórnio lembrou de algo muito importante:
- Nem todos devem lembrar, mas com certeza os mais velhos entre nós recordam daquela gruta da terra negra, escondida nas ribanceiras do grande paredão do sol, onde um velho e louco alquimista morava e fazia do lugar uma oficina para confeccionar objetos de metais, como escudos e lanças, e transformava em ouro alguns objetos da natureza, com o qual confeccionava artesanalmente lindas joias. Dizem até que essa coroa de Oninem foi o último trabalho do velho, que de tanto buscar a perfeição se esforçou demais e morreu assim que ela ficou pronta. Assim, poucos sabem, mas essa velha oficina ainda existe e é lá onde vamos fazer a cópia dessa coroa. Se a primeira foi feita lá a segunda também será.
A partir desse instante mandaram chamar com urgência os melhores, mais hábeis e mais rápidos ferreiros, artesãos e ourives entre os seres das florestas. Procuraram a amedrontadora e abandonada gruta, fizeram uma limpeza geral nos instrumentos de trabalho ainda totalmente conservados, alimentaram o maquinário rústico, reativaram o forno, acenderam grandes fogueiras, colocaram em condições de uso a fornalha, o fole e a bigorna.
Sacos e mais sacos de ouro bruto foram sendo trazidos, pacotes e mais pacotes de pedras preciosas foram sendo colocados à disposição dos exigentes e competentes trabalhadores das florestas. A todo instante o metal era levado e retirado da forja, moldado, retocado, dando forma ao símbolo real no mais puro e maciço ouro, sendo incrustado depois com todas as pedras existentes na coroa original, observando-se milimetricamente cada detalhe, cada disposição de rubi, cada local exato desse ou daquele diamante. Assim, nesse verdadeiro ofício de abnegação e prazer, a coroa ficou pronta num tempo muito mais curto do que o esperado, e quando as duas foram colocadas lado a lado somente os artesãos sabiam distingui-las.
Assim que os trabalhos foram encerrados e realizadas as cerimônias habituais de agradecimentos, os dois duendes que trouxeram a coroa original foram encarregados de fazer o transporte dos dois objetos até o castelo. Foi no momento que entraram feito raio no grande salão onde estavam reunidos o pequeno rei e a comitiva de compradores, que o velho sacerdote se assustou com os dois vultos passando em disparada.
Essa história, com todos os seus detalhes, foi contada por Bernal ao menino rei na torre do castelo. Gustavo não acreditava de jeito nenhum que os seres encantados tivessem conseguido tal proeza da forma como o feiticeiro relatou, mas também não podia duvidar, vez que de repente uma coroa supostamente roubada se transformou em duas. E isto ninguém poderia negar, pois estavam ali nos aposentos do castelo, servindo agora como instrumentos para que Oninem ganhasse forças suficientes para combater o mal que se avizinhava.
O pequeno rei até que gostaria de ficar mais tempo ali na torre, colocando em dia alguns assuntos pendentes, mas foi informado que o seu enviado ao Reino de Edravoc já havia retornado e estava lá embaixo lhe aguardando.


continua...



Advogado e poeta
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
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