*Rangel Alves da Costa
Para doer, fazer sofrer, afligir, as dores
não necessitam somente das doenças tão conhecidas. Dores outras existem que
doem mais que enxaquecas, reumatismos, torcicolos, luxações, distensões
musculares. Até mesmo mais que as mais terríveis das dores. Contudo, de modo
silencioso, persistente, sem que haja remédio de bula que dê jeito. Também não surgem
em lugares específicos, em pontos do corpo, ao redor dos ferimentos, pois
parecendo espalhadas por todo lugar, principalmente na mente e no coração. Quem
já sentiu a dor da saudade, profunda e inalcançável, sabe muito bem quanto dói
sofrer assim. Quem sentiu a dor de um adeus inesperado conhece muito bem quanto
sofrimento provocado por uma partida jamais desejada. Quem já amou e sofreu por
amor, certamente se vitimou das terríveis aflições causadas por dores na alma,
no coração, no pensamento, no olhar, por todo lugar. E não há remédio imediato,
não há receita que crie esperança de cura. As dores permanecem até que o tempo
chegue em auxílio do padecente e faça do sofrimento uma esperança boa. Contudo,
situações há que elas nunca desaparecem completamente. A dor da saudade, por
exemplo, vive fincada na mente e sempre ressurge nos instantes mais
inesperados. Bastando uma canção, um entardecer, um silêncio da noite.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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