*Rangel Alves da Costa
Quem
diria, até que enfim uma velha tecnologia para derrubar as estruturas do poder
político e governamental: o gravador. Dilma foi pega pelo gravador, Lula foi
pego pelo gravador, a corte e a nobreza estão caindo pelo gravador. Delcídio se
tornou o maior inimigo do gravador. Renan se arrepia todo quando ouve falar o
nome. Cunha já foi tão gravado e desgravado, que para ele tanto faz no pé do
ouvido ou no microfone. O pior disso tudo é que ninguém pode mais confiar em
ninguém. Juiz adora mandar bisbilhotar o que os outros conversam, e fica tudo
gravado. Político mal-intencionado só conversa gravando tudo, e em minúsculos
aparelhos ou mesmo no celular. Sem saber, porém, que contra si já há horas e
horas de gravação, e cada uma mais escabrosa do que a outra. E Romero Jucá foi
cair nessa. Ao invés de cantar para ser gravado, ou mesmo recitado um poema,
foi logo mexer em vespeiro. Falou demais sobre uma tal de Lava Jato e sua voz
depois apareceu em delação premiada. E somente assim novamente ouvirão a voz de
Sarney e tantos outros. Tudo gravado e agora revelado por Sérgio Machado.
Chegava abraçando, quase beijando o bom e velho amigo. Mas por trás da gravata
a arma fatal: o gravador. E tão fatal que já há muita gente em Brasília que se
nega veementemente em abrir a boca. Um medo danado de ser gravado até num bom
dia.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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