*Rangel Alves da Costa
Dos olhos
da mocinha bela, tão bela quanta uma aquarela, desciam lágrimas belas, floridas
e até perfumadas. Que estranheza, dizia um. Que coisa mais sem pé nem cabeça,
dizia outro. Assim por que não entendia o motivo de seu choro ou de seu
lacrimejar. Ora, as lágrimas geralmente surgem em momentos de dor, de angústia,
de aflição. Mas com a mocinha era diferente. Tão sensível que era, de coração
bondoso demais, de repente se via sensibilizada e chorando ante às situações
mais inusitadas: um pássaro que cantava, uma borboleta que voejava ao redor,
uma folha outonal que era esvoaçada pelo vento, uma flor na sua moradia. Tudo
isso a fazia chorar, e muito mais de contentamento pelas pequenas belezas da
vida. Daí que de seus olhos, ao invés de lágrimas insossas ou salgadas, desciam
pétalas líquidas, lágrimas floridas. E de sua janela, do lugar onde se
debruçava para chorar, as gotículas se derramavam abaixo. Foi aí que nasceu um
pé de flor: um pé de flor de lágrimas. E com as mais belas e perfumadas flores.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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