SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 21 de maio de 2016

Palavra Solta - solitário na noite vazia


*Rangel Alves da Costa


Um homem só. Uma noite vazia. Uma solidão. Uma rua nua. Um desalento, uma tristeza danada. Uma caminhada, uma desatino, uma incerteza. Um errante, um passo ébrio, um peito aflito, um amor distante. Lá em cima, a lua transborda no copo. É lua de ruma, de vodca, de cachaça. As estrelas estremecem sôfregas, tênues, amedrontadas. Estrelas de gelo, cheirando a limão, misturadas a cinzas. Não há poema nem verso, não há poesia nem estrofe, pois tudo palavra solta, perdida, jogada ao chão. Não há como juntar e ter o significado da vida: morte, desamor, desespero, aflição, angústia, tristeza, infelicidade? Talvez saudade, relembrança, memória torturante. E assim vai o errante, o noctívago solitário na noite nua, pela rua vazia, pelos becos escurecidos e vias de poucas luzes. Seu destino? O destino do passo, no passo incerto, na incerteza de tudo. E ao longe uma valsa antiga ou uma velha canção de amor demais. Mas não lhe cabe ouvir. E o vento sopra, aumenta o açoite, enquanto tenta sentar num banco de praça. E chorar. E sofrer. E chorar. E sofrer. E chorar...


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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