*Rangel Alves da Costa
Um homem
só. Uma noite vazia. Uma solidão. Uma rua nua. Um desalento, uma tristeza
danada. Uma caminhada, uma desatino, uma incerteza. Um errante, um passo ébrio,
um peito aflito, um amor distante. Lá em cima, a lua transborda no copo. É lua
de ruma, de vodca, de cachaça. As estrelas estremecem sôfregas, tênues,
amedrontadas. Estrelas de gelo, cheirando a limão, misturadas a cinzas. Não há
poema nem verso, não há poesia nem estrofe, pois tudo palavra solta, perdida,
jogada ao chão. Não há como juntar e ter o significado da vida: morte, desamor,
desespero, aflição, angústia, tristeza, infelicidade? Talvez saudade,
relembrança, memória torturante. E assim vai o errante, o noctívago solitário
na noite nua, pela rua vazia, pelos becos escurecidos e vias de poucas luzes.
Seu destino? O destino do passo, no passo incerto, na incerteza de tudo. E ao
longe uma valsa antiga ou uma velha canção de amor demais. Mas não lhe cabe
ouvir. E o vento sopra, aumenta o açoite, enquanto tenta sentar num banco de
praça. E chorar. E sofrer. E chorar. E sofrer. E chorar...
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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