*Rangel Alves da Costa
Os sinos
dobram pelos seus motivos. A capelinha se mantém silenciosa até que os sinos
dobrem. E estes dobram chamando, anunciando, despertando, louvando. Dobram
convidando os fiéis aos ofícios. Dobram como um relógio acompanhando o tempo.
Dobram dizendo da despedida de alguém. E quando assim, dobram, logo ao
alvorecer, a tristeza e a incerteza ecoam por todo lugar. Um bater lento,
cadenciado, compassado, assim a morte é anunciada. E o mesmo bater durante a
caminhada ao campo santo. Diferentemente dos sinos natalinos, festivos e
melodiosos, os sinos distantes são apenas sentimentos. Também angústias, dores,
sofrimentos. Também a fé audível, a igreja gritando, a religiosidade ecoando.
Mas de vez em quando os sinos dobram sozinhos, sem motivo aparente algum. E
durante o dia inteiro, para pessoas diferenciadas a cada instante. É que as
pessoas, nos seus instantes de solidão e relembranças, ou mesmo quando estão
ajoelhadas perante um oratório, fazem despertar um sino mental que vai dobrando
suavemente. É a voz da fé ou do pensamento que alça os ares e vai sumindo pela
ventania.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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