*Rangel Alves da Costa
Chocantes
as cenas do barco de migrantes naufragando, com mais de quinhentas pessoas, na
costa líbia, no último dia 25. Ao menos sete morreram. A embarcação não
suportou a instabilidade das águas e, devido ao número elevado de refugiados,
acabou virando. As imagens mostram cada instante do ocorrido: o barco apinhado,
tombando, as pessoas em desespero, o salve-se quem puder, as pessoas se
lançando às águas, os infortúnios, a morte. As operações de resgate logo foram
iniciadas pela marinha italiana. Mas todos morreram. Ainda que das mais de
quinhentas pessoas, apenas sete perderam suas vidas, impossível não afirmar que
todos morreram. Ora, qual a vida ou a esperança de vida de milhões de
refugiados nos países em conflito? Qual será o amanhã de um povo sem pátria,
forçado a fugir pelas tormentas, em busca de um porto qualquer? São crianças,
velhos, mulheres, doentes, todos entregues à sorte das violentas fronteiras,
dos inimigos que os acolhe às valas. Aquela imagem de Aylan Kurdi, o menino
encontrado morto na beira da praia, sintetiza bem o drama de populações
inteiras. E neste momento, fugindo das guerras nos seus países, sendo enxotados
por serem minorias ou por tiranas perseguições, milhares estão navegando para a
morte. E ninguém mais sobrevive dos horrores a que são impostos, ainda que
coloquem os pés nas margens encontradas. O fim da vida será o mesmo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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