*Rangel Alves da Costa
Já tenho
um neto. Joaquim é o nome dele. Filho de minha filha, de extensa linhagem
familiar. Mas ele não é só neto, pois espelho, reflexo e tudo. A criancinha que
fui um dia, com a mesma inocência que tive um dia, num mundo belo e encantado
que já tive um dia. E não faz muito tempo. Na verdade, nem sei como o tempo
passou tão rápido para que o menino de ontem hoje já seja avô. Mas a gente só
se reconhece na idade pelos nossos que chegam, pelas novas raízes que vingam,
pelos frutos que brotam. Já a segunda geração depois de mim, pois primeiro
minha filha e depois ele. Por isso que perto dele, abraçado a ele, gosto de
silenciar, de mirar os seus olhos e sua feição e procurar compreender esse
mistério da vida: a gente noutro ser, um pequeno ser que também é a gente, pois
na herança de tudo. E em tal espelho me alegre, me encanto, me perco e me
encontro. E ainda encantado por tudo, apenas beijo na sua face, acaricio seu
corpo, busco a doce palavra. Sei, contudo, que não falo e acaricio somente a
ele, pois igualmente me sinto tão amado como o próprio neto. E assim porque
espelho, reflexo e tudo.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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