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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 23 de maio de 2016

Palavra Solta - Eu e o meu neto


*Rangel Alves da Costa


Já tenho um neto. Joaquim é o nome dele. Filho de minha filha, de extensa linhagem familiar. Mas ele não é só neto, pois espelho, reflexo e tudo. A criancinha que fui um dia, com a mesma inocência que tive um dia, num mundo belo e encantado que já tive um dia. E não faz muito tempo. Na verdade, nem sei como o tempo passou tão rápido para que o menino de ontem hoje já seja avô. Mas a gente só se reconhece na idade pelos nossos que chegam, pelas novas raízes que vingam, pelos frutos que brotam. Já a segunda geração depois de mim, pois primeiro minha filha e depois ele. Por isso que perto dele, abraçado a ele, gosto de silenciar, de mirar os seus olhos e sua feição e procurar compreender esse mistério da vida: a gente noutro ser, um pequeno ser que também é a gente, pois na herança de tudo. E em tal espelho me alegre, me encanto, me perco e me encontro. E ainda encantado por tudo, apenas beijo na sua face, acaricio seu corpo, busco a doce palavra. Sei, contudo, que não falo e acaricio somente a ele, pois igualmente me sinto tão amado como o próprio neto. E assim porque espelho, reflexo e tudo.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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