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terça-feira, 31 de maio de 2016

Palavra Solta - mais um Aylan Kurdi (até quando crianças refugiadas vão continuar morrendo?)


*Rangel Alves da Costa


As crianças, além de indefesas ante qualquer ato hostil, estão se tornando nas principais vítimas durante as travessias das famílias fugindo das guerras e outras atrocidades cometidas em seus países. As águas dos mares e oceanos estão se transformando em cemitérios de pequeninos refugiados e as beiras das praias em tristes epitáfios de inocentes. Assim aconteceu em 2015, quando o menino Aylan Kurdi foi encontrado morto na beira da praia, na costa da Turquia, numa cena que fez chorar o mundo, ou grande parte dele. Parecia apenas dormir, de bruços sobre a areia, mas estava sem vida. E agora mais um pequenino é recolhido sem vida no mediterrâneo após o naufrágio de uma embarcação. Este não tinha mais que um ano e foi encontrado como um se fosse um bonequinho de plástico que boia nas águas. Que cena mais triste, de uma crueldade espantosa, principalmente conhecendo-se as barbáries humanas que acabam causando fugas desesperadas e mortes de milhões de crianças, jovens, mulheres, velhos. Profundo é o relato do socorrista que encontrou o corpo e fez o resgate: “Peguei o bebê pelo antebraço e puxei o seu corpinho para os meus braços na mesma hora para protegê-lo... os braços dele, com aqueles dedinhos, balançaram no ar, o sol bateu nos seus olhos, brilhantes, acolhedores, mas sem vida”. Assim o relato da morte da vida em flor. Anjos que as águas tomam para si, vidas cujo cais é não existir mais. Mas a dor não está apenas na morte em si, mas pela forma como jogam pessoas às águas e às fatalidades. Tudo como se a vida fosse barquinho de papel num mar revoltoso.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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