*Rangel Alves da Costa
Nem tudo
está perdido. Se é péssima a produção musical do momento, outra coisa não resta
a fazer senão buscar e rebusca no baú dos sentimentos. Basta uma olhada pra
trás e possível será encontrar o encanto da doce canção, da bela melodia, da
verdadeira musicalidade. Gonzaguinha, Alceu Valença, João Nogueira, a turma das
Minas Gerais, Legião Urbana, Geraldo Azevedo, Belchior, Fagner, Elba e Zé
Ramalho, Ednardo, dentre tantos outros. Que doce ouvir João Nogueira se
refletindo no espelho: “e o meu medo maior é o espelho se quebrar...”. Ouvir
Geraldo Azevedo passar com sua caravana: “repare essas velas no cais, que a
vida é cigana...”. Ouvir Gonzaguinha e sua canção de amor suavemente moreno:
“espere por mim morena, espere que chego já...”. Ouvir o vozeirão de Fagner
cantar Florbela Espanca: “longe de ti são ermos os caminhos, longe de ti não há
luar nem rosas, longe de ti há noites silenciosas, há dias sem calor, beirais
sem ninhos...”, E deixar-se encantar, voar, planar pelas alturas dos
sentimentos: “um girassol nos teus cabelos, batom vermelho girassol, morena
flor do desejo, ah! teu cheiro em meu lençol...”. E não chorar, mesmo que a
velha fotografia sorria na parede do pensamento. E não sofrer, mesmo que a
saudade seja demais para esquecer.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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