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domingo, 22 de maio de 2016

Palavra Solta - “um girassol nos teus cabelos” ou as velhas canções


*Rangel Alves da Costa


Nem tudo está perdido. Se é péssima a produção musical do momento, outra coisa não resta a fazer senão buscar e rebusca no baú dos sentimentos. Basta uma olhada pra trás e possível será encontrar o encanto da doce canção, da bela melodia, da verdadeira musicalidade. Gonzaguinha, Alceu Valença, João Nogueira, a turma das Minas Gerais, Legião Urbana, Geraldo Azevedo, Belchior, Fagner, Elba e Zé Ramalho, Ednardo, dentre tantos outros. Que doce ouvir João Nogueira se refletindo no espelho: “e o meu medo maior é o espelho se quebrar...”. Ouvir Geraldo Azevedo passar com sua caravana: “repare essas velas no cais, que a vida é cigana...”. Ouvir Gonzaguinha e sua canção de amor suavemente moreno: “espere por mim morena, espere que chego já...”. Ouvir o vozeirão de Fagner cantar Florbela Espanca: “longe de ti são ermos os caminhos, longe de ti não há luar nem rosas, longe de ti há noites silenciosas, há dias sem calor, beirais sem ninhos...”, E deixar-se encantar, voar, planar pelas alturas dos sentimentos: “um girassol nos teus cabelos, batom vermelho girassol, morena flor do desejo, ah! teu cheiro em meu lençol...”. E não chorar, mesmo que a velha fotografia sorria na parede do pensamento. E não sofrer, mesmo que a saudade seja demais para esquecer.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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