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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 13 de maio de 2016

Palavra Solta - de solidão em solidão


*Rangel Alves da Costa


De solidão em solidão, assim o meu inverno, assim o meu verão, assim em qualquer estação. De solidão em solidão minha janela se abre para a passagem da ventania e suas folhas mortas, para o açoite que esvoaça a asa do passarinho. De solidão em solidão me desce o luar de canto e nostalgia, e ao longe uma valsa triste relembrando saudades. De solidão em solidão beijo a flor de plástico, limpo o retrato sem cor na parede, acendo a vela e faço uma prece junto ao oratório. De solidão em solidão vou abrindo os baús, relendo as cartas, mirando fotografias, chorando. De solidão em solidão me esqueço de caminhar pela estrada, de caçar araçá pelo mato e aguar a última roseira que restou. De solidão em solidão converso comigo mesmo e me pergunto o que é amar. De solidão em solidão deixo que a noite entre pelo meu quarto, se espalhe sobre minha cama e adormeça em meu lugar. Pois lá não estarei. Estarei à janela, de olhos perdidos na escuridão, apenas sentindo minha solidão.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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