*Rangel Alves da Costa
De solidão
em solidão, assim o meu inverno, assim o meu verão, assim em qualquer estação.
De solidão em solidão minha janela se abre para a passagem da ventania e suas
folhas mortas, para o açoite que esvoaça a asa do passarinho. De solidão em
solidão me desce o luar de canto e nostalgia, e ao longe uma valsa triste
relembrando saudades. De solidão em solidão beijo a flor de plástico, limpo o
retrato sem cor na parede, acendo a vela e faço uma prece junto ao oratório. De
solidão em solidão vou abrindo os baús, relendo as cartas, mirando fotografias,
chorando. De solidão em solidão me esqueço de caminhar pela estrada, de caçar
araçá pelo mato e aguar a última roseira que restou. De solidão em solidão
converso comigo mesmo e me pergunto o que é amar. De solidão em solidão deixo
que a noite entre pelo meu quarto, se espalhe sobre minha cama e adormeça em
meu lugar. Pois lá não estarei. Estarei à janela, de olhos perdidos na
escuridão, apenas sentindo minha solidão.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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