*Rangel Alves da Costa
As noites
são sentimentalistas, poéticas, nostálgicas, entristecidas. Suas sombras, sua
cor e sua paisagem, acabam transformando todo o ser. Não há pessoa que não se
sinta mais propensa à saudade depois que a noite chega. Não há pessoa que não
se mostre mais sensível após a noite chegar. Não há pessoa que não deixe
aflorar sentimentos próprios dos apaixonados, dos angustiados, dos aflitos, dos
saudosos, dos adoecidos. E tudo acompanhado de leve tristeza, de semblantes
retraídos e corações mais pulsantes. As janelas abertas, as portas ao sabor da
ventania, as calçadas nuas, as ruas vazias, paisagens que atormentam, instigam
a alma, fragilizam e angustiam. A lua grande, enorme, vagando no céu estrelado
e ao sopro da ventania. Os murmúrios ao longe, as folhas que cantam suas
saudades, as valsas que chegam de um piano inexistente. E a dor de amor, a dor
da lembrança, a dor da saudade. E apenas o lenço da noite para enxugar as
lágrimas de um coração que padece. E sofre nas noites, nas noites assim, entristecidas.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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