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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

MANUAL DO HOMEM DE BEM (Crônica)

MANUAL DO HOMEM DE BEM

Rangel Alves da Costa*


Partindo-se do pressuposto que ao lado da vida, a liberdade humana é o bem mais precioso e almejado por todos, há que se considerar que a manutenção desse status não só de homem livre, mas também isento de perseguições e possuidor de nome respeitado onde chegue, diferentemente do que muitos possam imaginar, depende somente do respeito que o próprio homem dá a si mesmo.
Logicamente que esse respeito próprio deve sempre estar acompanhado de alguns aspectos comportamentais, físicos, mentais e até espirituais, próprios do homem dentro de sua normalidade. Tais aspectos seriam honestidade, integridade, dignidade, respeito ao próximo, respeito às leis e aos bons costumes, dentre alguns mais que a ninguém é dado o direito de omitir nas suas ações.
Somente a título de exemplificação, age com honestidade aquele que não se aproveita de determinadas situações para tirar proveito de modo abusivo ou ilegal; age com integridade aquele que não procura esconder a verdade dos fatos nas suas relações pessoais ou de direito; age com dignidade aquele que procura sempre operar para edificar e não para destruir; age com respeito ao próximo aquele que não procura humilhar nem ter o outro como inimigo a qualquer custo; age com respeito às leis e aos bons costumes aquele que se comporta dentro dos limites permitidos pelo direito e pela sociedade.
Contudo, nada do que foi dito até agora terá alguma importância se o espírito do homem não seja convicto da máxima validade daqueles dez mandamentos da lei divina: "Amar a Deus sobre todas as coisas; Não tomar Seu santo nome em vão; Guardar domingos e festas de guarda; Honrar pai e mãe; Não matar; Não pecar contra a castidade; Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo); Não levantar falso testemunho; Não desejar a mulher do próximo; Não cobiçar as coisas alheias".
Sem deixar de se ater e preservar os outros ensinamentos, observando-se com estreiteza quatro desses mandamentos já é possível evitar grandes problemas com a justiça, ou dela sair incólume.
Assim, os mandamentos de Não matar, Não furtar, Não levantar falso testemunho, e Não cobiçar as coisas alheias, possuem repercussão também na esfera judicial penal, bem como no cível e outras áreas, em alguns casos. Até pouco tempo atrás o adultério também era crime, deixando de sê-lo talvez pela impossibilidade da máquina estatal judiciária condenar todos os adeptos dessa pouca vergonha chamada infidelidade conjugal.
Não matar, pois se praticar o crime será imputado na tipificação do art. 121 do Código Penal e sofrerá suas consequencias, podendo ainda responder pela mera tentativa de homicídio.
Não furtar, pois se "subtrair para si ou para outrem coisa alheia móvel sem a prática de violência ou grave ameaça ou de qualquer constrangimento físico ou moral à pessoa", poderá ser condenado pelo crime previsto no art. 155 do Código Penal.
Não praticar falso testemunho, pois esta prática é também tipificada no art. 342 do Código Penal, consistindo em fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade perante a justiça. O Código de Processo Penal, no art. 203, exige "a promessa de dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado", ou seja, a testemunha prestará o compromisso de dizer somente a verdade.
Por fim, Não cobiçar as coisas alheias é preceito não verificado em tipificação específica, mas observável em todos aqueles atos onde a ganância, a avidez, a busca da riqueza material a qualquer custo, predispõe a pessoa a cometer os mais diversos atos ilícitos, como a fraude, a apropriação indébita, o estelionato, o roubo e muitos outros delitos.
Ademais, nem será preciso esmiuçar que o homem que realmente se impõe diante do seu destino e busca preservar sua existência contras falsas acusações, contra as invejas e os ódios que se espalham esquina a esquina, jamais ficará desatento e se voltará somente para a prática do bem. Agindo com lealdade, seriedade e dentro dos ditames da justiça divina e humana, certamente ainda poderá dormir tranquilo e igualmente sonhar coisas boas.
Diante de tudo o que foi dito, mesmo que a carne humana fraqueje, procure reerguer as melhores virtudes e caminhar pelo mesmo caminho por onde um dia seguiu o velho sábio: a estrada que vai sendo construída passo a passo, enquanto se caminha na vida!




Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

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