Rangel Alves da Costa*
Dias existem que surgem somente para
atormentar. Mesmo que a pessoa não tenha adormecido ou acordado com problemas,
a verdade é que daí em diante tudo parece não acontecer. Espírito e alma se
tornam aflitos, os bons pensamentos não surgem, nada consegue trazer alegria,
até mesmo o olhar se perde sem direção alguma. O corpo parece cansado, pesado
demais, a mente anuviada, há um desencorajamento em tudo. Nada contenta, anima,
produz força de reação. Há uma fuga das pessoas, não desejar encontrar sequer
aquelas que fazem tanto bem. Não há ânimo para qualquer leitura, para qualquer
escrita, para qualquer diálogo, para nada. Tudo com aquela feição de casa com
portas fechadas e um imenso vazio lá dentro. Mas por que assim? Ninguém tem uma
resposta exata. Não são instantes passageiros, mas uma situação que se prolonga
o dia inteiro. Não é nada com clara motivação, por isso mesmo mais instigante
ainda. Sequer a chuva entristece mais, sequer o silêncio provoca o grito
interno, sequer a solidão produz a reflexão. É um estado de letargia, de
esmorecimento, de inafastabilidade de tudo. A feição é mais triste sim, mais
aflitiva e angustiada, mas não por causa de ação motivadora de sofrimento.
Simplesmente porque está distante de tudo. Afastado de tudo, da força, da
motivação, da busca. E não se sabe até quando permanecerá tal mistério na alma.
Até que o sopro triste que trouxe a indiferença na vida a transforme em razão
de viver.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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