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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 12 de setembro de 2015

Palavra Solta: o escritor solitário e a solitária escrita


Rangel Alves da Costa*


Escrevo, escrevo, escrevo. Não me preocupo que leiam ou não. Escrevo por mim e para mim. Escrevo por gosto, por prazer, por abnegação, por necessidade mental e espiritual. Não há nem um só dia sem uma linha, como já disse o outro. E é assim que eu faço. Todos os dias o que faço é escrever. Escrevo, escrevo, escrevo. Outro dia um leitor – dos pouquíssimos que lançam um olhar à minha escrita – afirmou que eu não me incomodo de apenas escrever mesmo que não haja leitores. Acertou em cheio, pois é assim mesmo que penso e faço. Simplesmente escrevo e pronto, por mim, para mim, para a minha realização. Ora, se minha escrita sempre nasce de um ato solitário de pensar e transpor ideias, não há nada errôneo que a escrita também permaneça solitária. É solidão para a solidão, um escritor solitário que escreve para a solidão da escrita. Acaso alguém se interesse por algum artigo, crônica, poesia ou livro meu, tudo bem, pois uma porta foi aberta para que outra vida compartilhe da solidão. Mas não haverá qualquer problema se o que escrevo solitariamente permaneça trancado no quarto escuro das ideias incompreendidas ou simplesmente vague embaixo de uma lua triste em meio ao negrume da noite. Mas jamais errará o caminho, eis que a criatura sempre retorna ao seu criador. E me contento em ser o único leitor do que solitariamente escreve para a solidão.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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