Rangel Alves da Costa*
Para muita gente, não há mudança no mundo que
implique em sua transformação ou mudança no jeito de ser, de sentir e agir.
Ainda conheço pessoas que vivem anos-luz distantes de avanços tecnológicos,
modernidades, informática ou mesmo qualquer coisa que seja diferente de seu
mundo próprio e único aceito. Mesmo não vivendo muito distante da cidade, pouco
saem além da cancela ou porteira, pouco viram a curva da estrada, pouco vão
além de sua malhada. Conhecem a radiola, mas não a parafernália de som;
conhecem a palavra, a voz e o grito, mas não o telefone e muito menos os
smartphones da vida; conhecem a roupa, o vestir, o usar, mas não a etiqueta, o
luxo e a moda; conhecem o pão, a fome e a comida no fundo da panela, mas não a
guloseima, o cardápio, o fresquê culinário; conhecem a lua e o sol, mas não as
luzes dos modismos que tanto enganam e cegam os citadinos; conhecem o lombo do
burro, do jumento e do cavalo; mas não o selim da moto, do veículo, do possante
motorizado; conhecem a pinga, o chá medicinal, a água de moringa e o café gordo
e gostoso, mas não o uísque, o vinho e champanha da burguesia. Aboia, ecoa sua
toada dolente e sequer quer saber de sofrência, baianada ou qualquer
porralouquice musical. Um povo assim ainda existe, e muita gente assim eu
conheço. Pessoas que encontro nas minhas andanças sertões adentro, levando
comigo o embornal para tudo retratar e um coração sertanejo para tudo sentir e
admirar.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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