Rangel Alves da Costa*
Somos o clima de nós mesmos. Somos a
atmosfera de nós mesmos. Somos a meteorologia de nós mesmos. Não há moça de
tempo, não há termômetro, não há formação de nuvens que diga além do que
podemos dizer a nós mesmos. Por que temos uma nuvem, por que temos gotas
sólidas e líquidas, por que somos trovoadas, temporais, tempestades. Nossos
olhares dizem tudo, nossos corações muito mais. Os sentimentos dissolvem as
asperezas e de repente já estamos em prantos. E que belo é o pranto bem
chorado, bem sentido, bem despejado. Que belo é o chorar autêntico, puro e tão
verdadeiro. Que magia possui a lágrima que se deita na face, que se derrama
pelo corpo e seguindo vai como num leito sem fim. Momentos de magia e encantamento
são os da lágrima. Que ninguém compreenda, que neguem a correnteza ou
desconheçam todas as razões. Mas a pessoa não se nega, o seu sentimento não
nega. E o que basta à lágrima é ter sua fonte. Dum pequeno veio e um oceano.
Por que assim? Pergunte ao espelho, pergunte à saudade, pergunte à recordação,
pergunte ao doloroso silêncio e à flor murcha do entardecer. E seguindo vai
pelo cais deserto, passo a passo na areia molhada, juntar sua gota d’água à
imensidão que se estende adiante. Não partiu nem naufragou, apenas a vida que
se banha um pouco para limpar o espelho da alma.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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