*Rangel Alves da
Costa
Sempre
causa-nos orgulho quando um texto de nossa autoria passa a ser utilizado por
autores e escritores renomados. E foi com prazer imenso que li, nesta manhã de
18 de abril, o texto “Do conceito de cangaço, cangaceiro e cangaceirismo”, de
autoria de Honório de Medeiros. Mais orgulho ainda porque o meu conceito de
coiteiro foi abraçado em sua integralidade, em longa fundamentação.
Dentre os
autores citados no artigo estão renomados pesquisadores e cientistas sociais,
tais como Luis da Câmara Cascudo (Nota sobre cangaço e cangaceiro), Heitor
Feitosa Macêdo (Origem da palavra cangaço), Eric Hobsbawn (Bandidos), Gustavo
Barroso (À Margem da História do Ceará), Raymundo Faoro (Os Donos do Poder), Frederico
Pernambucano de Melo (Guerreiros do Sol) e Maria Isaura Pereira de Queiroz
(História do Cangaço).
No debate
acerca dos conceitos de cangaço, cangaceiro e cangaceirismo, a dimensão do
termo “coiteiro”, tão próprio ao estudo em questão, não precisou ser cotejado
entre posicionamentos diferentes, pois minha escrita sobre o tema serviu de
balizamento à compreensão. Neste sentido, eis o que diz o escritor Honório de
Medeiros:
“Rangel Alves
da Costa diz bem o que é ‘coiteiro’[16]:
Coiteiro
era o sertanejo que, mesmo não fazendo parte do bando cangaceiro propriamente
dito, compartilhava do seu mundo e de sua existência. Exteriorizava os desejos
e as ordens cangaceiras. Servia de elo entre a vida na caatinga e os seus
arredores, incluindo pessoas e povoações. Sem o coiteiro, o cangaço não
compartilhava do mundo exterior e ficava totalmente vulnerável aos ataques.
Coiteiro
era o matuto chamado a colaborar com o cangaço. Nunca forçado, mas sempre
disposto a cooperar. Era, a um só tempo, mensageiro, transportador de
mantimentos, confidente, conhecedor e guardião de segredos de vida e de morte.
Boca sempre fechada e ouvido sempre aberto, talvez fosse o seu lema. Mas nem
todos, segundo dizem, cuidaram de seguir os ditames.
Coiteiro
era aquele que, conhecedor de cada linha e cada canto da região catingueira,
auxiliava nas estratégias de proteção cangaceira. Era o olho pelo arredor, era
o cão farejando o inimigo. Logo dizia sobre a segurança do local escolhido para
repouso ou alertava acerca dos perigos que estavam correndo.
Coiteiro
era o bom amigo do bando que levava a carne fresca de bode, a linha e agulha
para costura, o remédio e a porção, as armas e a munição, o dinheiro e outros
objetos enviados ao bando; aquele que se esforçava ao máximo, e correndo todos
os perigos, para que nada faltasse naquela estadia dos cangaceiros. E eram bem
recompensados pelas providências tomadas. De vez em quando um anel dourado era
colocado no dedo.
Coiteiro
era aquele que servia o abrigo cangaceiro, o local de descanso e repouso, a
moradia temporária do bando, o coito. Desse modo, tem-se então que coito era o
local onde a cangaceirada se amoitava vindo de longe viagem e desejosa de
algumas horas ou dias de descaso.
Assim,
coito era o lugar escolhido pelo líder do bando para o merecido descanso, até
que a necessidade fizesse levantar acampamento e seguir adiante. Tantas vezes
numa correria no meio da noite ou a qualquer hora do dia que o vento inimigo
soprasse pelos arredores.”
O artigo
completo, primoroso e de fundamental importância para os estudiosos do cangaço,
pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico:
http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2016_04_17_archive.html.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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