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sábado, 16 de abril de 2016

Palavra Solta - briga de cachorro grande e vira-lata


Rangel Alves da Costa*


O cachorro pode ser grande, mas também pode não passar de um vira-lata. Mas de qualquer modo a briga é feia. E tal embate se verifica agora na câmara federal, como se observou na comissão processante e no dia a dia do parlamento. Cada cachorro grande late mais alto que o outro, procura amedrontar mais que o outro, partindo sempre numa ferocidade de espantar. Um acusa o outro de corrupto, de cachorro, de imprestável, de vira-lata, de tudo que seja desonroso. Nos embates assim, ninguém quer ser gatinho ou bichinho de estimação, mas o animal mais valente e perigoso possível. Quem avista ao longe fica imaginando mil e uma situações. Tanta cachorrada, tanta agressão, tanta intriga, para depois refrearem os ânimos com qualquer carniça jogada. Tudo cachorro valente, mas que não se amiúda com qualquer oferta jogada adiante. E colocando o rabinho entre as pernas, mansamente vão se lambuzar daquilo mesmo que tanto combatem. Ao final das contas, nada mais que uma cachorrada. E o povo é quem fica mordido, ferido na honra e no corpo. E, desesperançado, procura a cura dentro de sua própria. Mas nunca aprende. Nunca aprende que aquela cachorrada toda é de sua cria.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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