Rangel Alves da Costa*
O cachorro
pode ser grande, mas também pode não passar de um vira-lata. Mas de qualquer
modo a briga é feia. E tal embate se verifica agora na câmara federal, como se
observou na comissão processante e no dia a dia do parlamento. Cada cachorro
grande late mais alto que o outro, procura amedrontar mais que o outro,
partindo sempre numa ferocidade de espantar. Um acusa o outro de corrupto, de
cachorro, de imprestável, de vira-lata, de tudo que seja desonroso. Nos embates
assim, ninguém quer ser gatinho ou bichinho de estimação, mas o animal mais
valente e perigoso possível. Quem avista ao longe fica imaginando mil e uma
situações. Tanta cachorrada, tanta agressão, tanta intriga, para depois
refrearem os ânimos com qualquer carniça jogada. Tudo cachorro valente, mas que
não se amiúda com qualquer oferta jogada adiante. E colocando o rabinho entre
as pernas, mansamente vão se lambuzar daquilo mesmo que tanto combatem. Ao
final das contas, nada mais que uma cachorrada. E o povo é quem fica mordido,
ferido na honra e no corpo. E, desesperançado, procura a cura dentro de sua
própria. Mas nunca aprende. Nunca aprende que aquela cachorrada toda é de sua
cria.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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