SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 26 de abril de 2016

Palavra Solta - comida da boa


*Rangel Alves da Costa


Digo, insisto e repito: a fome é a melhor comida, o melhor prato. Com fome não há escolha nem frescura, não há exigência ou etiqueta, não há mais ou menos passado. Ávida por comida, desejosa de qualquer alimento, não há como rejeitar o que encontra ou o que lhe é oferecido. Contudo, mesmo sem demasiada fome ou mesmo sem estar de bucho vazio de mais de dia, alguns pratos sempre são desejados em qualquer ocasião. De antemão, renego qualquer comida de restaurante, de menu ou cardápio, de qualquer mesa enfeitada e preço lá nas alturas. Ora, servem um tiquinho enfeitado num prato e cobram o dinheiro de uma feira inteira. Comida da boa, da boa mesmo, é aquela que a pessoa lambe os beiços depois de saborear. Algo assim como uma carne de porco bem preparada, uma carne de bode ou de carneiro, uma buchada, um sarapatel, uma galinha de capoeira gorda. Também a feijoada, a panelada de fígado com carne de gado, o velho e bom mocotó. Sem falar no feijão de corda, no baião de dois, no pirão de mulher parida. E depois um bom pedaço de goiabada com queijo, um doce de leite batido, uma cocada cremosa. Se houver uma rede por perto, então o sono estará garantido até a fome novamente chegar.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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