Rangel Alves da Costa*
Pertinho
do mundo existe outro mundo, um mundo de paz. Um mundo onde ainda é possível se
alegrar pela existência, pela grandeza da vida ao redor, pelo instante de
singeleza e de afeto surgido a cada momento. Um mundo de alvoradas festivas, de
cantos passarinheiros, de valsas na natureza, de chamamentos a compartilhar a
vida em flor. Um mundo cheirando a café de bule, a queijo de quintal, a leite
quentinho tirado do peito da vaca, a manteiga de garrafa e toucinho chamuscando
por cima do fogão de lenha. Um mundo de malhada e terreiro, de varanda e
alpendre, de tamborete e tronco de pau. Um mundo de doce de leite mexido, de
bolo de fubá, de pão de forno e cuscuz ralado. Ovos de capoeira, galinha gorda,
sarapatel, arroz doce, mungunzá, paneladas de muitas misturas. Ou mesmo um
mundo de pão e água, de moringa e pote, de lenha e cinzas. Seja empobrecido ou
mais remediado na vida, sempre será um mundo de encanto e devoção. Os santos,
as fitas desgastadas de anos, os velhos oratórios, tudo confirmando a fé desse
mundo. E que está tão longe e tão pertinho de nós, pois um mundo sertanejo
espalhado nas distâncias, mas presente e dentro da gente quando imaginamos um
mundo de paz.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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