*Rangel Alves da Costa
A vida de
Totonha praticamente é o seu quintal. Quintal antigo, cercado na madeira, na
vizinhança da mataria, onde costuma viver o seu dia a dia. Não gosta de janela
ou porta da frente, muito menos estar pelos arredores em fofoquices, mas apenas
de sua cozinha adiante. Pobre, moradora de tapera de barro, diz sempre que seu
luxo é estar tomando ar fresco no seu quintal. E neste o seu mundo. O velho
pilão de herança escrava, o varal de pouca roupa, o pé de mamoeiro, o pé de
goiaba e outro de jabuticaba. Ah essa meninada que pula a cerca e vem logo
cedinho colher os frutos caídos ao chão, reclama de vez em quando. Possui
também duas ou três galinhas poedeiras, um galo velho, dois guinés e um gato
que para nada serve senão para estar cochilando. Mas o que mais gosta mesmo é
da pequena horta medicinal que possui: boldo, hortelã, erva cidreira e muito
mais. De vez em quando está servindo a um e a outro que bate à porta em busca
de um bom remédio. Ao abrir a porta da cozinha e encontrar o seu mundo, então
se enche de vida, de alegria, de contentamento. Olha para o alto e diz se vai
chover. Como nunca chove, então mete a cuia no pote grande e sai molhando suas
plantinhas medicinais. Depois acende um charuto, bafora bem e começa a andar de
lado a outro. Apenas feliz.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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