Rangel Alves da
Costa*
Fiquei
relutante quando a acadêmica Ilmara Souza, neta do falecido Santo Souza, o
maior poeta já nascido em terras sergipanas, pediu-me um breve relato sobre
minha vida e minha obra, pois tinha interesse em colocar o meu nome para a
apreciação perante os membros da Academia de Letras de Aracaju.
Minha
relutância era justificada, e por várias razões. Nunca pretendi fazer parte de
qualquer academia literária, ainda que alguns amigos e até desconhecidos tenham
feito comentários elogiosos acerca de minha escrita. Outra razão é que o meu
jeito de ser não se coaduna muito com a pompa acadêmica. E também pelo fato de
já haver recusado o convite para fazer parte de outra academia.
Na
verdade, minha produção literária é tão própria, tão voltada para mim mesmo e
para o meu mundo, que sequer jamais quis saber quantos leitores já tive ou se
apreciaram ou não minha obra. Já publiquei cerca de vinte livros e tenho mais
quatro prontos para publicação, mas nada voltado ao reconhecimento acadêmico.
Além dos livros publicados, creio já ter escrito, entre crônicas, artigos e
poesias, mais de dez mil textos. Sou colaborador do Jornal do Dia desde muito
tempo e de repente fico imaginando todo o estado de Sergipe lendo aquilo
nascido de mãos sertanejas.
Mas eis
que a Ilmara insistiu em defender o meu nome perante os demais membros da ALA
e, por aclamação, fui escolhido para tomar posse em julho próximo. Comigo
também tomarão assento no sodalício nomes importantes da intelectualidade, das
letras e da cultura sergipana. Intitulado “Academia de Letras de Aracaju elege
seus novos membros”, eis o informe divulgado pela assessoria de comunicação da
academia neste dia 07/04/2016:
“Em
reunião na tarde desta quarta-feira, 6, a Academia de Letras de Aracaju (ALA)
elegeu seus novos membros, que agora se juntam aos fundadores da Casa como
acadêmicos efetivos. Após ampla análise, a Academia escolheu os seguintes
nomes, que tomarão posse solene em julho próximo.
Geraldo
Dantas Bezerra – médico, memorialista e escritor; Pascoal Maynard – jornalista
e poeta; Sônia Maria Azevedo Viana – professora, poetisa e pesquisadora da
História da Educação; Rangel Alves da Costa – jornalista, escritor e advogado;
Paulo Sérgio da Silva Santos – professor universitário e pesquisador de
Linguística; Ana Maria Leal Cardoso – doutora em Literatura e professora
universitária; Sandra Maria Natividade – jornalista, escritora e memorialista;
Pedro Henrique Varoni – doutor em Linguística, jornalista e escritor; João
Paulo Gama de Oliveira – doutor em Educação, professor e escritor; Carolina
Angélica Dantas Naturesa - mestre em Dança, professora e pesquisadora; Manoel
Messias Rodrigues Santos – doutor em Literatura, professor e pesquisador;
Antonia Amorosa – jornalista, poetisa e escritora; Waldefranklin Rolim de
Almeida Silva – doutor em História e professor universitário; Antônio
Bittencourt Júnior – mestre em Comunicação, historiador e professor
universitário; Antonio Porfírio de Matos Neto – escritor, poeta e memorialista.
A Casa de
Santo Souza saúda os novos acadêmicos que se integram ao projeto institucional
de movimentar, valorizar e promover a cultura aracajuana. Segundo Gustavo
Aragão, presidente da ALA, a sessão para eleição se deu de forma tranquila e
serviu para definir novos rumos ao movimento da instituição. ‘Estamos felizes
por completar a Casa com novos e ilustres membros, que, com certeza, serão
peças fundamentais no andamento das ações da Academia’, ressaltou Gustavo.
Também
foram escolhidos os nomes dos patronos para as novas cadeiras, como forma de
homenagear intelectuais que marcaram a cultura sergipana. São eles: Acrísio
Cruz; Alina Paim; Araripe Coutinho; Célio Nunes; Emilia Rosa de Marsillac
Fontes; Epifânio Dória; Fausto Cardoso; Fernando Porto; Genolino Amado; Gizelda
Morais; João Ribeiro; José Maria Fontes; José Sampaio; José Silvério Leite Fontes;
Manoel Bomfim; Maria Lígia Madureira Pina; Ofenísia Freire; Regina Lúcia
Spinelli; Yara Veira; Amando Fontes”.
Tomarei
posse em julho, com fé em Deus. E não como uma vitória somente minha, mas
igualmente do meu sertão de Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo e toda a
região sertaneja, que sempre inspiraram e iluminaram minha escrita. Também
compartilho de gratificado coração com todo aquele velho amigo que depois do
cumprimento e do abraço passa a viver em tudo o que escrevo. E não terei outro
patrono. O meu será Alcino Alves Costa, meu pai, que tanto dignificou a
cultura, a pesquisa e as letras sergipanas.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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