*Rangel Alves da Costa
As águas passando. Apenas um rio? Nunca.
Jamais. No seu leito, na sua mansidão, no seu passo molhado, muito mais do que
se possa imaginar. E assim por que todo rio possui mistérios, é envolto é
lendas e desconhecidos. Do mesmo modo, suas águas sempre trazem muito além do
cardume, do barco, da canoa, do pescador, de tudo que vem remansando no seu
espelho ou por debaixo de suas vagas. Por onde passa o rio, nas suas beiradas
vão surgindo povoações, núcleos ribeirinhos, cidades. Mas nem sempre as margens
atraem o progresso. Quando assim acontece, então a vida ribeirinha de hoje
parece a mesma de antigamente. Ainda bem que seja assim, pois a permanência da
riqueza, das tradições e costumes de uma população. Um povo ribeirinho que se
acostumou com o seu modo de viver, ali ao lado das águas, pescando, jogando a
tarrafa, navegando de lado a outro em busca da sobrevivência. Um povo que sente
o rio com pertencimento tamanho que nada consegue afastá-lo dali. Um povo que
senta nas suas calçadas altas para mirar os horizontes entre serras e montes e
mirar as águas com saudades e relembranças. Recordam das grandes embarcações,
dos vapores, das chatas, de um tempo onde todo o comércio e viagem se davam
pelo leito do rio. Os tempos são outros, mas ainda o imorredouro amor por aquela
paisagem mansa que vai passando molhada e, de vez em quanto, chama aos olhos
uma gotinha de outra água.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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