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terça-feira, 11 de agosto de 2015

AVALIAR ALUNOS. COMO VOCÊ AVALIA?


Rangel Alves da Costa*


A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei nº 9394/96) recomenda às Escolas de Ensino Fundamental, em seu artigo 24 que: “V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais...”.
Como bem indica a recomendação, a avaliação deve se voltar apenas para o que foi ensinado, como consequência do previsto no currículo. Neste sentido, a avaliação fica numa camisa de força, vez que outros saberes dificilmente se tornam objeto de avaliação. E não se pode delimitar o poder de entendimento do aluno nem exigir que o mesmo se vincule ao que foi ensinado.
Considerando que a educação na sociedade atual exige muito mais que meros conteúdos curriculares, pois lança olhar constante perante toda realidade histórico e social, certamente que os ensinamentos neste sentido também deveriam ser avaliados. Contudo, se o que se avalia é o que foi ensinado, o que foi discutido infelizmente perde sua razão avaliativa.
Por todo exposto, tem-se que atualmente a função da avaliação se resume em quantificar os saberes, e de forma errônea, pois não se volta para as discussões ou debates que devem permear a nova realidade educacional.
Qualquer avaliação possui um resultado apenas transitório, superficial. Assim porque a avaliação é processo que não permite um resultado fiel da pessoa avaliada. Não é uma prova ou um teste, aplicado em determinado dia, que vá dizer se o aluno adquiriu, ou não, conhecimento suficiente.
Do mesmo modo, creio que o educador deve ter habilidade suficiente para buscar outros modos de avaliação. Enquanto mediador, ele conhece muito bem seu grupo de alunos, sabe quais os mais interessados, participativos, indagadores, que realmente se preocupam com os temas desenvolvidos. Assim, a avaliação quantitativa seria apenas a parcela menos importante para conhecer a aprendizagem dos alunos. Outros aspectos participativos se tornam muito mais esclarecedores.
Na verdade, a escola ainda não construiu um entendimento lógico acerca da concepção entre educação e avaliação. Os estudos demonstram a necessidade de adoção de outros mecanismos de avaliação e estes baseados numa nova realidade educacional que haverá de surgir: a educação como libertação, de forma a ensinar aos alunos os caminhos de seu próprio conhecimento e de sua realização pessoal e profissional.
Ainda que instrumento precário de conhecimento do saber do outro, a avaliação deve objetivar o entendimento crítico do aluno. Por outras palavras, não se pode avaliar o aluno pelo que o avaliador deseja que ele corresponda. Desse modo, sempre será necessário uma leitura nas entrelinhas ou a percepção do conhecimento do aluno através de outras perspectivas.
Ainda que um tema a ser avaliado não possibilite conclusões próprias, ainda assim o aluno poderá expor seu conhecimento próprio acerca daquela realidade. Reconstruindo o fato ou fazendo intermediação com realidades vivenciadas, possibilita com que o avaliado vá até além do desejado como resposta para alcançar uma concepção bem mais ampla sobre determinada realidade.
Tais aspectos, contudo, devem sair do âmbito das boas intencionalidades para alcançar feições de praticidade. Não adianta pensar em novas formas de avaliação sem  antes modificar a forma de ensino, os conteúdos e os tradicionalismos que ainda envolvem o processo ensino-aprendizagem. Mudanças na concepção de ensino certamente implicarão mudanças no processo de avaliação. Chega de apenas dizer que o aluno acertou ou errou. O erro talvez esteja na concepção ou visão de mundo do avaliador.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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