Rangel Alves da Costa*
O Memorial Alcino Alves Costa, localizado na
antiga residência familiar na esquina das ruas Gustavo Melo e Manoel Pereira,
em Poço Redondo, no alto sertão sergipano, é um sonho que aos poucos vai se
concretizando. E assim porque muito ainda falta para que tome a forma e
funcione segundo as pretensões de seu idealizador.
Coloco-me como idealizador porque, dentre
todos os filhos do historiador, pesquisador, compositor, poeta e escritor
sertanejo, fui o primeiro a sentir a necessidade de um espaço onde o acervo e a
memória tivessem um lugar garantido para a posteridade. Não só preservar para o
futuro, mas principalmente permitir o acesso a estudantes, visitantes e demais
interessados na sua obra, bem como aos temas objetos de seu interesse e estudo.
O Memorial foi idealizado não somente para ter
a obra e a memória de Alcino Alves Costa como referência e objeto de pesquisa,
mas também como espaço privilegiado para o contanto e conhecimento da história
e da cultura sertaneja. Ali o interessado encontrará aspectos relacionados às
revoltas sociais nordestinas, ao cangaço, messianismo, raízes culturais, tradições
nordestinas e todo o percurso histórico que permitiu o desbravamento e a
formação do sertão, bem como sua tradição forrozeira, da viola caipira e demais
manifestações musicais tipicamente sertanejas. Daí que é um Memorial ainda em
construção, pois tudo isso ali estará presente como objeto de pesquisa e de
contato.
Mas os planos são ainda maiores. Como o
espaço é grande, um local ideal já está sendo reservado para reuniões e grupos
de discussão, onde jovens, estudantes e todos os interessados, sejam convidados
a ouvir palestras sobre a cultura e a história sertaneja, bem como demais temas
relacionados à identidade nordestina. Será a preservação das raízes através do
conhecimento, será o conhecimento da saga sertaneja a partir de diálogos
abertos e com a participação de todos. E as palestras serão proferidas por
estudiosos como Raimundo Cavalcante, Fernando Sá (UFS), Inácio Loiola e Rangel
Alves da Costa, dentre muitos outros que serão convidados.
E também será um espaço onde grupos de jovens
possam se reunir para discutir temas por eles mesmos escolhidos. Como em Poço
Redondo existem alguns grupos de jovens vinculados à igreja, também no Memorial
encontrarão o local ideal para que desenvolvam suas atividades. Desse modo,
além do arcabouço histórico e cultural que possui, será também um espaço aberto
onde todos serão chamados a participar no desenvolvimento de múltiplas
atividades.
Logicamente que sempre será um espaço de
recordação de Alcino e sua obra, uma forma de reencontrar o seu mundo tão
sertanejo. Mas também um espaço ao modo como ele gostaria que fosse. Um espaço
para as múltiplas feições do sertão, do Nordeste, do homem sertanejo, para o
reverenciamento das raízes e a preservação do que ainda resta de bom nos seus
quadrantes. Um espaço aberto a estudantes, professores, jovens, adultos, velhos
e todo aquele que pretender encontrar todo o sertão num só local. Um espaço de
estudo, de pesquisa e conhecimento, onde cada um possa dialogar seu saber e seu
desejo de aprender.
Por isso mesmo que o meu sonho ainda está em
construção, ainda está na caminhada ao que desejo oferecer a Poço Redondo em
nome da memória de Alcino. E desde já convido a todos a participar dessa
construção. Objetos antigos e que se relacionem ao cotidiano ou a história
sertaneja serão bem aceitos pelo Memorial. Um ferro a brasa de engomar, uma
lamparina antiga, um oratório, um baú dos tempos das bisavós, tudo isso será de
grande valia como acervo.
Será nesta caminhada que construiremos o
lugar da memória de Poço Redondo, do sertão, de Alcino. Um espaço onde também
estará a memória de cada um, pois todos gestados de raízes que não podem ser
relegadas nem destruídas pela voracidade do novo.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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