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sexta-feira, 21 de agosto de 2015

MEMORIAL ALCINO ALVES COSTA, MEMORIAL DO SERTÃO


Rangel Alves da Costa*


O Memorial Alcino Alves Costa, localizado na antiga residência familiar na esquina das ruas Gustavo Melo e Manoel Pereira, em Poço Redondo, no alto sertão sergipano, é um sonho que aos poucos vai se concretizando. E assim porque muito ainda falta para que tome a forma e funcione segundo as pretensões de seu idealizador.
Coloco-me como idealizador porque, dentre todos os filhos do historiador, pesquisador, compositor, poeta e escritor sertanejo, fui o primeiro a sentir a necessidade de um espaço onde o acervo e a memória tivessem um lugar garantido para a posteridade. Não só preservar para o futuro, mas principalmente permitir o acesso a estudantes, visitantes e demais interessados na sua obra, bem como aos temas objetos de seu interesse e estudo.
O Memorial foi idealizado não somente para ter a obra e a memória de Alcino Alves Costa como referência e objeto de pesquisa, mas também como espaço privilegiado para o contanto e conhecimento da história e da cultura sertaneja. Ali o interessado encontrará aspectos relacionados às revoltas sociais nordestinas, ao cangaço, messianismo, raízes culturais, tradições nordestinas e todo o percurso histórico que permitiu o desbravamento e a formação do sertão, bem como sua tradição forrozeira, da viola caipira e demais manifestações musicais tipicamente sertanejas. Daí que é um Memorial ainda em construção, pois tudo isso ali estará presente como objeto de pesquisa e de contato.
Mas os planos são ainda maiores. Como o espaço é grande, um local ideal já está sendo reservado para reuniões e grupos de discussão, onde jovens, estudantes e todos os interessados, sejam convidados a ouvir palestras sobre a cultura e a história sertaneja, bem como demais temas relacionados à identidade nordestina. Será a preservação das raízes através do conhecimento, será o conhecimento da saga sertaneja a partir de diálogos abertos e com a participação de todos. E as palestras serão proferidas por estudiosos como Raimundo Cavalcante, Fernando Sá (UFS), Inácio Loiola e Rangel Alves da Costa, dentre muitos outros que serão convidados.
E também será um espaço onde grupos de jovens possam se reunir para discutir temas por eles mesmos escolhidos. Como em Poço Redondo existem alguns grupos de jovens vinculados à igreja, também no Memorial encontrarão o local ideal para que desenvolvam suas atividades. Desse modo, além do arcabouço histórico e cultural que possui, será também um espaço aberto onde todos serão chamados a participar no desenvolvimento de múltiplas atividades.
Logicamente que sempre será um espaço de recordação de Alcino e sua obra, uma forma de reencontrar o seu mundo tão sertanejo. Mas também um espaço ao modo como ele gostaria que fosse. Um espaço para as múltiplas feições do sertão, do Nordeste, do homem sertanejo, para o reverenciamento das raízes e a preservação do que ainda resta de bom nos seus quadrantes. Um espaço aberto a estudantes, professores, jovens, adultos, velhos e todo aquele que pretender encontrar todo o sertão num só local. Um espaço de estudo, de pesquisa e conhecimento, onde cada um possa dialogar seu saber e seu desejo de aprender.
Por isso mesmo que o meu sonho ainda está em construção, ainda está na caminhada ao que desejo oferecer a Poço Redondo em nome da memória de Alcino. E desde já convido a todos a participar dessa construção. Objetos antigos e que se relacionem ao cotidiano ou a história sertaneja serão bem aceitos pelo Memorial. Um ferro a brasa de engomar, uma lamparina antiga, um oratório, um baú dos tempos das bisavós, tudo isso será de grande valia como acervo.
Será nesta caminhada que construiremos o lugar da memória de Poço Redondo, do sertão, de Alcino. Um espaço onde também estará a memória de cada um, pois todos gestados de raízes que não podem ser relegadas nem destruídas pela voracidade do novo.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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