Rangel Alves da Costa*
Briga de vizinhas não tem palavreado
diferente. Passa a vida inteira se chamando de amiga e de comadre, mas basta a
primeira intriga que o mundo começa a desabar dos dois lados. E coisa feia é
briga entre vizinhas, principalmente quando são fofoqueiras e possuem a língua
mais afiada que gilete. A primeira coisa que uma diz à outra é que ela não vale
nada. Aliás, nunca valeu. Não passa de uma fofoqueira, de uma mal afamada, que
corneia o marida. Então a outra dá o troco dizendo que quem é puta gaieira é
ela, que não passa de uma lambisgóia rejeitada pelos machos, um tribufu
imprestável, uma sirigaita que só pensa no marido das outras. Sua vagabunda,
sua safada, puta rampeira, imprestável até pra abrir as pernas. “Vive falando
mal de todo mundo e quer dar uma de santa, mas de santa não tem nada. Você não
passa de uma zinha, de uma fuleira, de uma bregueira de marca maior. Mas qual o
homem que quer esse bolofofo, essa jamanta fedorenta. Sim, puta é o que você,
sua rapariga de qualquer um...”. Mas a outra não deixa por menos. E é briga pra
mil anos, até que o tempo as torne esquecidas das verbalizações e novamente se
tornem simplesmente vizinhas. E fofoqueira. Êta povinho!
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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