Rangel Alves da Costa*
Outro dia, na noite agora fria de Poço
Redondo, encontrei o amigo Pedro Lima pelas bandas da antiga e mal iluminada
Praça Arnaldo Rollemberg Garcez, aquela mesma que um dia foi referência em
beleza e aconchego. Não na praça escurecida, mas os arredores recebe uma
juventude animada entre goles e proseados.
Eu já havia conversado rapidamente com Pedro
na viagem entre Aracaju e Poço Redondo, mas apenas coisas amenas. Somente
naquele encontro é que pudemos conversar mais detalhadamente sobre os seus
planos de mais uma vez disputar uma vaga de conselheiro tutelar e continuar no
dignificante, porém nem sempre compreendido, Conselho Tutelar Municipal.
Pedro Lima é, reconhecidamente, um dos
conselheiros mais atuantes do município. O reconhecimento vem da própria
população, e jamais dele, pois uma de suas principais características é
trabalhar sem alarde ou vanglória. Nada inesperado a uma pessoa sempre simples,
humilde, com uma palavra cativante perante todos. Contudo, sua característica
principal é, sem dúvida, a presteza que tem ao que lhe é confiado.
Daí ser Pedro Lima dedicado de corpo e alma à
função de conselheiro que lhe foi confiada pela população. E deseja novamente
ser confiado porque sabe que pode fazer muito mais. E é seu desejo sempre fazer
mais em defesa da infância e da adolescência fragilizadas por este vasto
sertão, buscando a proteção dos menores em situação de risco e tudo fazendo
para que os mesmos jamais se tornem objeto de quaisquer tipos de exploração,
dentre outros anseios.
E não é tarefa fácil exercer um ofício quando
a estrutura material é mínima e a estrutura funcional é ainda mais reduzida.
Quer dizer, ser conselheiro municipal em Poço Redondo é muito mais por
abnegação, vontade de atuar numa causa justa e encorajamento, a qualquer outra
coisa. Quem atua no Conselho Tutelar Municipal conhece bem as dificuldades até
mesmo para o cumprimento da lei ou para invocar o seu cumprimento pelos poderes
públicos. Mas estes são desafios que Pedro Lima traduz como sendo um ofício
divino na proteção ao menor, de modo preventivo e de contínuo acompanhamento.
Segundo revelou-me o amigo, só Deus sabe o
quanto dói defender os direitos das crianças e adolescentes contra todos os
tipos de abusos e ainda assim ser incompreendido, passar por ruim, ou até mesmo
ser ameaçado. E não dói menos ter de recorrer à administração municipal para assegurar
as garantias legais e na maioria das vezes ter de estar repetindo ofícios,
reenviando protocolos, quase que esmolando o respeito à dignidade da infância e
da adolescência.
Disse-me ainda que são muitas as barreiras
enfrentadas no ofício de conselheiro, mas que nada consegue arrefecer o seu
compromisso com a dignidade do menor sertanejo. E das palavras de Pedro se vê o
espelho de sua verdade. Confessou-me ainda que toda vez que a burocracia
administrativa ou mesmo a omissão de quem de direito tente minimizar ou
negligenciar o direito de uma criança ou de adolescente, não se cansará de
recorrer à promotoria pública como esfera maior de proteção aos menores
socialmente vitimados ou em situação de risco.
Minhas palavras, contudo, não pretendem
apontar Pedro Lima como o melhor conselheiro, pois todos que atuam no Conselho
Tutelar de Poço Redondo possuem méritos reconhecidos e merecem e ser
reconduzidos à função, através do pleito que se aproxima. Apenas reafirmo a
confiança que tenho em Pedro e a certeza que, acaso escolhido, fará de sua
experiência uma luta ainda mais intensa para o efetivo cumprimento ao disposto
nos arts. 98, 105 e 136, dentre outros, do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Reafirmo, pois, minha confiança em Pedro
Lima. Ademais, a dignidade de um Conselho Tutelar sempre nasce de conselheiros
verdadeiramente comprometidos com a proteção e segurança das crianças e
adolescentes de Poço Redondo. E Pedro já demonstrou que tem compromisso com a
vida do menor sertanejo.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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