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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Palavra Solta: fazendo renda de bilro


Rangel Alves da Costa*


A feitura de renda de bilro é uma tradição antiga entre as sertanejas, mas também realizada em outras regiões brasileiras. Ofício singelo, cuidadoso, solitário, verdadeira maestria divina. A velha senhora leva sua gorda almofada para a calçada, senta num banquinho ou cadeira e coloca outro assento adiante onde o instrumento de trabalho possa ser colocado. Tem de ficar bem defronte ao corpo, ao alcance das mãos, de modo a que os dedos percorram com rapidez o trançado da renda. Por que renda de bilros? Simplesmente porque ao invés de agulhas são utilizados bilros de madeira para manejar a linha que vai caminhando entre as marcações colocadas no molde de papelão. O molde se estende por cima da grande almofada, e sobre aquele são espetados alfinetes ou outros marcadores que vão delimitando os caminhos da renda que se deseja obter. Com tudo pronto, tudo no seu devido lugar, então a rendeira coloca linha ao redor dos bilros, deixa-os derreados sobre a almofada, e em seguida vai puxando cada um segundo o desenho ou a figura estampada no papelão. Como o papelão está tomado de alfinetes como marcações, então a linha do bilro vai percorrendo cada alfinete. E assim com todos os bilros, de modo que a renda vá sendo belamente construída. Por isso um ofício humilde, singelo, solitário. E com um resultado maravilhoso.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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