Rangel Alves da Costa*
A feitura de renda de bilro é uma tradição
antiga entre as sertanejas, mas também realizada em outras regiões brasileiras.
Ofício singelo, cuidadoso, solitário, verdadeira maestria divina. A velha
senhora leva sua gorda almofada para a calçada, senta num banquinho ou cadeira
e coloca outro assento adiante onde o instrumento de trabalho possa ser
colocado. Tem de ficar bem defronte ao corpo, ao alcance das mãos, de modo a
que os dedos percorram com rapidez o trançado da renda. Por que renda de
bilros? Simplesmente porque ao invés de agulhas são utilizados bilros de
madeira para manejar a linha que vai caminhando entre as marcações colocadas no
molde de papelão. O molde se estende por cima da grande almofada, e sobre
aquele são espetados alfinetes ou outros marcadores que vão delimitando os
caminhos da renda que se deseja obter. Com tudo pronto, tudo no seu devido
lugar, então a rendeira coloca linha ao redor dos bilros, deixa-os derreados
sobre a almofada, e em seguida vai puxando cada um segundo o desenho ou a
figura estampada no papelão. Como o papelão está tomado de alfinetes como
marcações, então a linha do bilro vai percorrendo cada alfinete. E assim com
todos os bilros, de modo que a renda vá sendo belamente construída. Por isso um
ofício humilde, singelo, solitário. E com um resultado maravilhoso.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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