Rangel Alves da Costa*
Muitas vezes avisto a vida pelas cenas
amadianas. Daí que Jorge Amado representa para mim não só o fascínio como um
norte de pensamento. E duvido que já só leitor que não se delicie com sua
escrita, com suas descrições dos tipos nordestinos, desde o homem simples ao
coronel cacaueiro. Amante sou da obra amadiana, apaixonado sou por Jorge Amado.
Seus livros, principalmente aqueles que cuidam do cacau, do coronelismo, da
religiosidade baiana, dos meninos de rua e de beira de cais, dos navegadores
nas águas tantas e perigosas, das mocinhas prendadas e apaixonadas, dos cabarés
transformando raparigas do recôncavo em francesas perfumadas, dos jagunços e
das tocaias, das beatas fofoqueiras e mulheres adulterinas, são todos de
contínua releitura. E avisto aqueles capitães da areia com suas dores e seus
conflitos existenciais, avisto o coronel encomendando a morte de um desafeto e
jagunços se abeirando dos tufos de mato para o ofício de sangue, avisto as
mulheres guerreiras cumprindo suas sinas de luta, de cama e de doçura, avisto
os tambores ecoando para o recebimento dos deuses africanos, avisto as calçadas
lavadas de sangue pelas perseguições pelo credo, pela raça e pela cor. E avisto
muito mais. Tudo em Jorge, amado Jorge.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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