SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 9 de agosto de 2015

Palavra solta: cenas amadianas


Rangel Alves da Costa*


Muitas vezes avisto a vida pelas cenas amadianas. Daí que Jorge Amado representa para mim não só o fascínio como um norte de pensamento. E duvido que já só leitor que não se delicie com sua escrita, com suas descrições dos tipos nordestinos, desde o homem simples ao coronel cacaueiro. Amante sou da obra amadiana, apaixonado sou por Jorge Amado. Seus livros, principalmente aqueles que cuidam do cacau, do coronelismo, da religiosidade baiana, dos meninos de rua e de beira de cais, dos navegadores nas águas tantas e perigosas, das mocinhas prendadas e apaixonadas, dos cabarés transformando raparigas do recôncavo em francesas perfumadas, dos jagunços e das tocaias, das beatas fofoqueiras e mulheres adulterinas, são todos de contínua releitura. E avisto aqueles capitães da areia com suas dores e seus conflitos existenciais, avisto o coronel encomendando a morte de um desafeto e jagunços se abeirando dos tufos de mato para o ofício de sangue, avisto as mulheres guerreiras cumprindo suas sinas de luta, de cama e de doçura, avisto os tambores ecoando para o recebimento dos deuses africanos, avisto as calçadas lavadas de sangue pelas perseguições pelo credo, pela raça e pela cor. E avisto muito mais. Tudo em Jorge, amado Jorge.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: