Rangel Alves da Costa*
Há quem diga que atualmente menino e menina
não brincam mais. E há razão em pensar assim. Não só com relação ao brinquedo,
mas em muita coisa a criançada de hoje nem se assemelha à criança de outros
idos. Criança de hoje pouco corre descalça pelos descampados, pouco se reúne
para o fuzuê da meninice. As crianças de hoje parecem ser moldadas para a idade
adulta ainda nos berços. Da criancice à adolescência, e no meio um vácuo dos
melhores anos da vida. Nem nas escolas se divertem com brinquedos de verdade. O
que oferecem são jogos educacionais burocráticos, num lúdico computadorizado,
matemático, frio. Quando em casa, o brinquedo está no computador, no smartphone,
na tecnologia. Muita criança de hoje jamais ouviu falar em canção de ninar, em
canção de roda, em cantiga de cirandar. A menina nunca viu uma boneca de pano
ou uma casinha de boneca, o menino nunca viu uma bola de gude ou uma pipa.
Foi-se o tempo do verdadeiro brincadear infantil. Foi-se o tempo do boi de
barro, da ponta de vaca, do guarda-roupa pequenino para a menina cuidar, da
menina chorona de plástico, do cavalo de pau para subir às estrelas em noites
de lua cheia, da bola murcha, da brincadeira de se esconder, da roda cirandeira
em noites estreladas. Até da maçã do amor e do passeio no parque. Tão triste
que jamais tivessem ouvido que se essa rua, se essa rua fosse minha, eu
mandava, eu mandava ladrilhar com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante, para o
meu, para o meu amor passar...
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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