Rangel Alves da Costa*
O forasteiro, ao passar pela estrada e
avistar um senhor dormindo a solto, com a cabeça por cima de uma pedra, debaixo
do sombreado de um umbuzeiro matuto, logo perguntou ao companheiro de viagem
como era possível uma pessoa naquela idade dormir feito menino novo tendo a
pedra dura como travesseiro. E o outro logo respondeu: Taí uma coisa que acho
bonita e que não é pra qualquer um. O que você está avistando é o sono do
honesto na pedra dos justos. Enquanto a maioria das pessoas não dorme bem ou
sequer consegue dormir em travesseiro de pena de ganso, vez que os erros na
vida, as corrupções na alma e as preocupações por todo lugar, não deixam ao
menos adormecer, ali certamente está um homem honesto, justo, trabalhador, de
honradez e integridade, que consegue dormir profundamente aonde coloque a
cabeça para o repouso. Ali, mesmo com a cabeça em cima da pedra, está tão
seguro de si mesmo, tão consciente de seu viver, que não apenas dorme como
sonha o sonho bem que desejar sonhar. Assim, amigo, a diferença do sono do
justo e do desonesto. O justo faz da pedra pontuda uma nuvem e plaina seu
cochilo sagrado. Já o outro não fecha o olho com medo de seus próprios
fantasmas ou dos monstros que se avolumam no seu ser corrompido.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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