Rangel Alves da Costa*
Desde muito que os historiadores,
principalmente aqueles filiados aos cotidianos e à vida privada, confirmaram
ser a realeza um verdadeiro antro de devassidão, promiscuidade, taras,
traições, lascívias, permissividades, apelos sexuais de todos os tipos. Na
verdade, o conservadorismo da realeza sempre foi somente nas formalidades.
Aquela pompa e aqueles gestos, aqueles adornos e aquelas vestimentas, escondiam
muito do que a carne estava sempre propícia a fazer. Reis e nobres em orgias,
rainhas e fidalgas em bacanais. A luxúria real era pomposa e faminta. Madamas
se entregando a serviçais com uma volúpia de fazer inveja a Messalina. Traíam
seus nobres maridos escancaradamente, se deixando jogar nos capins, nos
estábulos, nos escondidos. Deixavam-se rasgar naquelas vestes tantas e
desnecessárias e se conduziam como cadelas no cio. Tendo outras damas de
vigília pelos arredores, após a entrega voltavam aos tronos como se fossem as
mais pudicas da face da terra. Os reis, nobres e burgueses, também não ficavam
atrás de Calígula. A qualquer momento – e onde estivessem – podiam escolher uma
virgem, ou mesmo uma dama qualquer, para a satisfação de seus instintos. Não
raro que encomendavam jovens mancebos para jogos de prazer, num homossexualismo
explícito. Por isso mesmo que não se compreende o porquê de roupas tão pesadas
e até difíceis de serem retiradas do corpo, pois a qualquer momento todos os
adornos e insígnias eram jogados ao chão para a libertinagem do momento.
Enquanto isso, na torre do castelo, a bandeira do reino balançava ao vento
ostentando o leão símbolo da nobreza e do poder. Quando, na verdade, a se
balançar deveria estar um símbolo fálico, como ideal representação de tamanha
depravação.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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