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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 18 de agosto de 2015

Palavra Solta: castelos e rendez-vous


Rangel Alves da Costa*


Desde muito que os historiadores, principalmente aqueles filiados aos cotidianos e à vida privada, confirmaram ser a realeza um verdadeiro antro de devassidão, promiscuidade, taras, traições, lascívias, permissividades, apelos sexuais de todos os tipos. Na verdade, o conservadorismo da realeza sempre foi somente nas formalidades. Aquela pompa e aqueles gestos, aqueles adornos e aquelas vestimentas, escondiam muito do que a carne estava sempre propícia a fazer. Reis e nobres em orgias, rainhas e fidalgas em bacanais. A luxúria real era pomposa e faminta. Madamas se entregando a serviçais com uma volúpia de fazer inveja a Messalina. Traíam seus nobres maridos escancaradamente, se deixando jogar nos capins, nos estábulos, nos escondidos. Deixavam-se rasgar naquelas vestes tantas e desnecessárias e se conduziam como cadelas no cio. Tendo outras damas de vigília pelos arredores, após a entrega voltavam aos tronos como se fossem as mais pudicas da face da terra. Os reis, nobres e burgueses, também não ficavam atrás de Calígula. A qualquer momento – e onde estivessem – podiam escolher uma virgem, ou mesmo uma dama qualquer, para a satisfação de seus instintos. Não raro que encomendavam jovens mancebos para jogos de prazer, num homossexualismo explícito. Por isso mesmo que não se compreende o porquê de roupas tão pesadas e até difíceis de serem retiradas do corpo, pois a qualquer momento todos os adornos e insígnias eram jogados ao chão para a libertinagem do momento. Enquanto isso, na torre do castelo, a bandeira do reino balançava ao vento ostentando o leão símbolo da nobreza e do poder. Quando, na verdade, a se balançar deveria estar um símbolo fálico, como ideal representação de tamanha depravação.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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