Rangel Alves da Costa*
O meu silêncio pergunta: Por que o homem fica
alheio do suor do seu trabalho e não experimenta do fruto por ele mesmo
plantado?
A Tua palavra diz: “O proveito da
terra é para todos; até o rei se serve do campo” (Eclesiastes 5:9).
Ao criar o
mundo e nele a terra para o homem habitar, semear, colher, sobreviver, Deus
entregou-a para que sua promessa fosse cumprida. No mundo tão vasto, na
imensidão de terra, caberia a cada um ter a posse de seu quinhão sem que ao
outro tirasse o pão. Mas eis que a ganância, a cobiça, a ambição, a tentação
desenfreada do poder, fez com que os limites fossem extrapolados e o pedaço de
terra de um fosse acrescido à terra já acrescida de outro. Através do medo, da
força, da escravização, a verdade é que a terra foi se tornando elemento de
riqueza de alguns e de pobreza da maioria. E o que seria tão importante para a
sobrevivência familiar, acabou sendo negado àqueles mais empobrecidos e
carentes. A terra, expressão de vida e de alimento, tão importante ao rei como
ao vassalo, foi se tornando sinônima de exclusão social. Uns com tanto chão e
léguas e mais léguas de propriedade, e outros apenas como subservientes ao
trabalho na terra. Nela labuta, dá seu sangue e suor, mas nada colhe como
proveito para dizer que se alimenta do chão que é seu. É o homem alheio à
terra, ao pão, à dignidade.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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