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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 1 de julho de 2015

Meu Silêncio, Tua Palavra – 21


Rangel Alves da Costa*


O meu silêncio pergunta: Por que o homem fica alheio do suor do seu trabalho e não experimenta do fruto por ele mesmo plantado?
A Tua palavra diz: “O proveito da terra é para todos; até o rei se serve do campo” (Eclesiastes 5:9).
Ao criar o mundo e nele a terra para o homem habitar, semear, colher, sobreviver, Deus entregou-a para que sua promessa fosse cumprida. No mundo tão vasto, na imensidão de terra, caberia a cada um ter a posse de seu quinhão sem que ao outro tirasse o pão. Mas eis que a ganância, a cobiça, a ambição, a tentação desenfreada do poder, fez com que os limites fossem extrapolados e o pedaço de terra de um fosse acrescido à terra já acrescida de outro. Através do medo, da força, da escravização, a verdade é que a terra foi se tornando elemento de riqueza de alguns e de pobreza da maioria. E o que seria tão importante para a sobrevivência familiar, acabou sendo negado àqueles mais empobrecidos e carentes. A terra, expressão de vida e de alimento, tão importante ao rei como ao vassalo, foi se tornando sinônima de exclusão social. Uns com tanto chão e léguas e mais léguas de propriedade, e outros apenas como subservientes ao trabalho na terra. Nela labuta, dá seu sangue e suor, mas nada colhe como proveito para dizer que se alimenta do chão que é seu. É o homem alheio à terra, ao pão, à dignidade.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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