Rangel Alves da Costa*
Aquele poema tinha razão. Eduardo Alves da
Costa tinha razão. O seu poema “No Caminho com Maiakovski” tinha razão. O mundo
atual está exatamente o que o poema já previa desde algum tempo. Mas não é a
violência simbólica do poema, não o sentido político entremeando o poema, não é
a crítica presente na escrita, mas o livro aberto da vida. É a violência
violenta, a violência do medo, a violência do sangue, a violência da barbárie,
a violência diante, do lado e por todo lugar. O poema diz que na primeira vez
eles apenas passaram olhando a casa, da segunda vez olharam para dentro do
muro, da terceira vez violaram o portão, depois entraram na casa, roubaram o
cachorro, os sonhos, tudo. Mais ou menos assim. Alguma coisa diferente da
realidade vivenciada por todos? Logicamente que não. A única diferença é que
eles (os marginais) nem se dão mais ao trabalho de passar uma vez diante da
casa para observar se o instante é propício ao roubo, pois já chegam entrando,
violando, levando tudo. O que se pode dizer é que um passa a primeira vez e
rouba uma coisa, outra passa em seguida e leva outra coisa, já outro chega
depois para levar o restante. E a população simplesmente à mercê da bandidagem,
da insegurança, do medo de até estar trancada dentro de casa. Quando a vida não
se torna num reles poema de sangue.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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