Rangel Alves da Costa*
O caçuá tem a mesma feição sublime da fruta
que carrega. De bambu, cipó, taquara ou vime, o entrançado do caçuá forma o
berço perfeito para que as frutas sejam deitadas e depois transportadas para as
feiras interioranas. Pelas estradas de terra batida, pelo chão poeirento, pelas
veredas espinhentas, o animal vai carregando no lombo o doce sabor da fruta.
Coberto de folha de bananeira ou de outra folhagem larga, de modo que nem o sol
nem o calor permitam que as frutas percam seu viço e sabor, o caçuá faz seu
percurso até chegar ao destino. Quando retirado do lombo do animal, colocado ao
chão e descoberta das folhagens, logo surgem as cores amareladas, avermelhadas
e até verdosas das frutas. O cheiro bom, doce, oloroso, convidativo, então sobe
pelos ares e se anuncia como festa para o prazer. Geralmente são muitos os
caçuás que são espalhados pelas feiras e de onde surgem as mangas, os cajus, as
goiabas, os araçás, os umbus, as pinhas, as graviolas, os sapotis, as
jabuticabas. E chega a bela menina e morde a manga madura, chega a criancinha e
enche a boca de araçá, e de boca em boca a fruta se transformando em sabor e
prazer. E mais tarde, com caçuás totalmente vazios, os animais retomam seus
percursos em direção ao quintal sertanejo ou ao pomar que está ao redor do
casebre e por todo lugar. Um mundo singelo frutificando o doce sabor da vida.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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