SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 4 de julho de 2015

Palavra Solta: chuva na vidraça, nos olhos e no coração



Rangel Alves da Costa*


Existem chuvas e chuvas. A chuvarada que se derrama nas ruas e enche os leitos e escorre pelo asfalto, e a chuva que vai caindo como música ao entardecer e noite adentro. Os sentimentos não são despertados pela chuvarada, mas sim com os pingos que parecem cadenciados nas sombras lá fora. E que bela canção é a da chuva caindo ao anoitecer. E que música mais comovente ecoa dos pingos caindo, molhando a vidraça, espargindo pelas janelas entreabertas, banhando a alma como se debaixo da nuvem estivesse. Contudo, é momento que não descuida de despertar pulsantes sensações. Parece caído de cima, despejado pela nuvem da noite, mas é instante de abrir velhos baús, rever velhas fotografias, recordar beijos e abraços, lembrar-se do aquecimento de outro corpo em friozinho igual ao sentido. E que saudade, que nostalgia, que vontade de abrir a porta e correr aos braços de alguém. Mas só se permite entristecer, reviver o passado, sentir a aflição do instante, chorar por dentro e por fora. E de repente a nuvem no olhar e as águas se derramando em enxurrada.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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