Rangel Alves da Costa*
Dia de angústia, tempo de tristeza, horas de
sofrimento. E o deserto da alma, a aridez queimante e atemorizante do ser, tudo
clama por um oásis qualquer de esperança. Mas tudo tão distante, tão difícil de
acontecer. E de repente os céus começam a se transformar, as nuvens enegrecem,
raios e temporais despontam, a tempestade emerge. E tudo começa a ser inundado
de lágrimas e mais lágrimas. O olhar sem enche de um mar sem fim e logo os
barcos surgem içando lenços que se desfraldam ao sabor da ventania que a tudo
quer varrer. O cais humano então separa a vida da incerteza. Mais adiante as
águas chamam as velas para a partida. E o navegante, que já não possui escolha
de querer ir ou ficar, simplesmente chora sua dor, seu próprio adeus de
despedida. E se vê tomado das águas do próprio olhar. E se deixa levar. Barcos
não só navegam no olhar como também naufragam nas profundezas encharcadas dos
olhos. Até que a esperança ressurja no horizonte ou talvez se dissipe o motivo
da aflição, o ser humano suportará em si mesmo as procelas e as tormentas que
de vez quando surgem nas noites escurecidas. Noites de solidão, de saudades, de
tormentos.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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