Rangel Alves da Costa*
O tempo é o segundo ou o século. Ou a
infinitude. Ele faz seu percurso alheio ao homem. Mas este não se desprende do
compasso daquele. Segue seu curso sem perceber. O que é criança de repente já
está adolescente, e rapidamente adulto e envelhecido. Contudo, o ser humano
nunca percebe sua mudança de tempo. Até que avista rugas, o surgimento de
cabelos brancos, alguns sinais de cansaço e das marcas próprias do peso dos
anos, mas ainda assim insiste em não se dar conta de sua real idade, de sua
caminhada, de quanto já envelheceu. A idade só é percebida através do outro, de
outro ser humano, e geralmente quando este bem jovem. Então a pessoa olha para
o menino já se tornando rapaz e diz que ainda recorda do seu nascimento, quando
era de colo e criança chorona de não acabar mais. E daí começa a percepção de
quanto o tempo já passou a partir daquele que vem fazendo seu percurso de
crescimento. Mas não apenas isso, pois quando, depois de muitos anos, a pessoa
pergunta quem este ou aquele era rapaz e é informado que é filho de um amigo
seu, então a constatação do muito tempo que já passou e o quanto sua idade
também avançou. Talvez já esteja velho, porém sem o espelho da compreensão
dizendo que a vida é assim mesmo. Melhor envelhecer sem o espelho se quebrar
antes do tempo.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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