SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 10 de julho de 2015

Palavra Solta: bela menina na janela da tarde


Rangel Alves da Costa*


A janela da tarde é o que de melhor expressa o sentimentalismo da solidão. Quando uma donzela toma o seu banho ao entardecer, veste seu vestido de chita, coloca flor no cabelo e se perfuma de colônia ou lavanda, e depois se põe entristecida sobre o umbral da janela, é porque necessita que sua solidão encontre algum caminho no mundo lá fora. Os olhos não negam, está entristecida demais. E o olhar que se alonga sobre os horizontes leva palavras e vozes, sussurros e gritos, desejos e vontades, sonhos e ilusões, tristezas e aflições. Quer um príncipe encantado, quer que seu perfume seja sentido por um moço bonito, quer que sua boca seja beijada e seu batom de romã sentido na grandeza do amor. Se tudo acontecesse assim não ficaria tão triste. E se todo dia assim acontece, ao mesmo horário e no mesmo umbral, é porque a solidão se prolonga devastando a alma. Mas é tão jovem, tão bela, tão cheia de encanto e vida, que somente os desígnios possuem as respostas para tamanha desolação. Espera-se que um dia a janela da tarde não seja aberta para a mesma feição de tristeza, e sim para que alguém com uma bela flor estenda a mão à bela menina. Também uma menina flor.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: