Rangel Alves da Costa*
O mato não é só é natureza, não é só pé de
pau, não é só vereda, não é só galho e folhagem, não é só é bicho, espinho,
pedra, armadilha, pois muito mais. O mato é muito mais e principalmente
mistério. Dentro da mataria está a morada dos seres encantados, dos elfos, dos
duendes, da cobra-grande, do saci-pererê, da caipora, da matita-pereira, do
fogo-corredor, dos vultos desconhecidos que se escondem às sombras. Dentro do
mato há uma mesa farta de doçura e de cor, pois lugar do araticum, do araçá
docinho, do melão coalhada, do umbu, de muitas e tantas outras espécies que
deixam a boca na maior gulodice. É no mato que nasce o veio d’água pequenino
que vai escorrendo em riachos e rios, que banha a natureza e dá sobrevida às
populações ao redor. No mato há o silêncio e o som, o espanto assustador, a
visita inesperada, o bicho que se achega mansamente, porém com olhos de
traição. Mato de vozes desconhecidas, de voos por cima das árvores, das
folhagens que se mexem sem que ninguém saiba o que esconde. Também é dentro do
mato, bem nas distâncias do mundo, que mora o velho sertanejo. Uma vida longe
de tudo, merecida distância de uma civilização que corrompe a pureza do ser.
Somente ele, a família, a lua, o sol, a mataria e a suave e constante canção da
natureza.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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