Rangel Alves da
Costa*
As flores morrem?
Eis a pergunta. Dizem que as flores “também” morrem. O outono é um cemitério de
flores, os desamores são sepulcros de flores, as desilusões afetivas são
jazigos de flores. Até mesmo na primavera, nos instantes em que mais deveriam
florescer, de repente elas jazem ao chão dos martirizados do coração.
Daí que,
infelizmente, as flores morrem...
As flores
morrem de morte natural e também simbólica. Naturalmente vivem seu percurso,
apaixonam, encantam, perfumam, alimentam o amor, adornam os melhores momentos, se
tornam poesia para depois ir perdendo a métrica da existência. Então
entristecem, ressecam, definham e lentamente vão deixando de ser flor para ser apenas
o pó da saudade.
E quando
as flores morrem as manhãs enlutecem...
Nada mais
triste que uma manhã sem flores. Os pássaros, as abelhas, as borboletas e os
colibris, voam silenciosos e entristecidos sem as pétalas para beijar o néctar.
Os primeiros raios de sol apenas caem, e melancólicos choram sem poder aquecer
os lábios da flor amada. Sem motivos para alegria, os olhos também se fecham
respingando a saudade.
E sobre o
jardim sem flores apenas a morte...
Mas
sentimentos também matam as flores. Tantas vezes as flores vivas e perfumadas
são avistadas como se mortas estivessem. O jardim florido um descampado
solitário e as orquídeas, as rosas e os girassóis, apenas sombras que jazem
entre espinhos. É a força do olhar que dá vida às rosas, são os sentimentos que
dão vida às orquídeas, são os desejos que alimentam os girassóis, são as
sensações que permitem a tão bela existência das flores.
O que,
intimamente, faz a flor morrer? Solidão, angústia, melancolia, saudade,
desilusão, mágoa, rancor, ódio, insensibilidade, desapego a si mesmo e renúncia
às coisas singelas da vida. A flor só pode sobreviver num jardim que a acolha,
a flor só pode florescer onde possa resplandecer sua beleza, a flor só pode
germinar onde haja fecundidade pra transformar flor em flor.
Quando
lhes falta afeição, então as flores morrem...
Abrir à
janela à vida e logo avistar a flor. Nada comparável a seu brilho, sua feição, sua
cor, seu perfume, sua beleza. Os olhos esquecem a paisagem, o pensamento logo
se volta ao simbolismo da flor: paixão, amor, desejo. E, no entanto, tudo
acaba, tudo se finda.
Triste que se assim aconteça, mas as flores morrem...
As flores morrem por que espécie, por que vida, por que existência. Vivem seus verdes instantes, florescem seus melhores dias, encantam enquanto possuem viço, aroma e cor, mas depois vão sendo esquecidas como uma folha qualquer. No sopro do vento ou do tempo, seu resto se vai.
Triste que se assim aconteça, mas as flores morrem...
As flores morrem por que espécie, por que vida, por que existência. Vivem seus verdes instantes, florescem seus melhores dias, encantam enquanto possuem viço, aroma e cor, mas depois vão sendo esquecidas como uma folha qualquer. No sopro do vento ou do tempo, seu resto se vai.
E assim por que as flores
morrem...
A semente
caída ao chão, talvez de um bico de passarinho, depois de esquecida ao relento
é molhada pelos pingos de chuva. Então a terra absorve o grão, que brotará com
destino à morte.
As flores
morrem...
A terra
molhada, tão propícia à germinação, vai gerando fertilização da semente e seu
embrião vai se desenvolvendo até rebentar para a planta nascer. Depois do
nascimento um percurso de existência, de crescimento e definhamento, até chegar
o instante da partida.
As flores
morrem...
A planta
cresce e no seu caule vão surgindo as folhas. Algumas destas folhas já nascem
modificadas e crescem de maneira diferenciada. De um cálice vão surgindo
pétalas, sépalas, estames e outros ornamentos. Daí será flor até morrer.
Por que as
flores morrem...
Mas antes
disso as flores vivem. E não somente vivem como permitem que vidas se unam em
amor eterno enquanto durar. Levadas em buquê, rejeitam todo não. E todo sim se
transforma em primavera no coração. E o amor nascido da flor sempre desperta
como poesia. De versos suaves e perfumados.
Mas eis o
destino. E os espinhos serão como cruzes nas cinzas das flores. Por que as
flores morrem.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário