SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 24 de outubro de 2015

Palavra Solta: a vela, a chama, a fé


Rangel Alves da Costa*


Apenas uma vela, apenas uma chama, mas de incontida fé. A força do sagrado sob tênue luz, o milagre maior no clarão do olhar. Em meio às sombras da noite, debaixo do bradar dos sinos na igrejinha ao longe, os passos seguem lentamente, a mão segura a vela e logo a chama ilumina ao redor. Mas não pela luz da vela, que não vai além do altar da feição, mas pelo imenso sol que desce dos céus. Uma luz tão forte que nela se torna impossível avistar a face de Deus. Os olhos fechados não avistam o sol, nem a chama se faz mais que uma leve e suave valsa amarelada. Apenas o silêncio da oração e o grito de fé por dentro. O rosário vai se alongando na boca, o terço se torna igreja entre os dedos. Ninguém ouviria uma só palavra, mas a boca grita sua palavra de fé. Tudo ao redor como um céu amarelado de pouca luz e no oratório a festa dos santos e anjos a cada toque de sino ouvido. Os joelhos se dobram e descem ao chão, as mãos se curvam ainda mais acompanhando a cabeça que se prostrai frente a luz. E assim o sagrado tem o seu instante, a fé tem a sua voz. Em tudo um silêncio e tão pouca luz, apenas a chama de uma vela frágil. Mas não há mais claridade que a transbordante ao dobrar o sino, no instante da prece no altar de seu Deus.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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