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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Palavra Solta: o filme sobre Joãosinho Trinta


Rangel Alves da Costa*


Não acompanhei o filme desde o início, mas o que vi me deixou desalentado pela pobreza das cenas. Ora, como se sabe, o carnavalesco Joãosinho Trinta era grandioso, de um fazer imenso, de uma exuberância original e indiscutível criatividade. Desse modo, um filme pra relatar um período de sua vida – e neste caso quando entrou no Salgueiro substituindo o carnavalesco Fernando Pamplona – deveria ser muito mais alentado que o realizado por Paulo Machline. Conta com atores excelentes, principalmente Matheus Nachtergaele no papel do carnavalesco maranhense, mas fica por aí. Praticamente não há uma trama que contagie, pois se volta apenas para a sua luta mostrando ser capaz de fazer um carnaval à altura do mestre Pamplona, e tentando vencer as críticas internas pela inovação no enredo, nas alegorias e adereços. No demais, sequer mostra um barracão inteiro, alegre, esfuziante, tomado de pessoas trabalhando incessantemente. Um evento para escolha do samba enredo estava com não mais que trinta pessoas. E isto era impossível de acontecer, pois mesmo naquele tempo o barracão se enchia por amor à escola e para torcer. Logicamente que o filme relata uma época onde o carnaval era muito menos luxuoso, mas não da forma empobrecida como foi mostrado. Seja sobre qualquer época, creio que o filme sobre Joãosinho Trinta deveria ser igualmente rico, imenso, luxuoso, com todo o esplendor que era peculiar. Neste sentido, o filme é de caricata pobreza. E o mundo carnavalesco sempre gostou do luxo. Afinal de contas, pobre gosta de luxo. Quem gosta de pobreza é a intelectualidade.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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