Rangel Alves da Costa*
Não há definição para beijo, não há conceito
de beijo, não há significação para beijo. Muito além de toque ou encontro de
lábios, de demonstração de afeto através do compartilhamento da língua ou do
lábio. Também tanto faz que seja beijo de língua, de lábio, no rosto ou em
qualquer outra parte do corpo. Tanto faz por que o verdadeiro beijo carrega em
si um mistério indescritível e provoca uma sensação muito além da palavra. Quem
recorda do primeiro beijo na namorada ou no namorado sabe muito bem a
significação daquele simples gestual amoroso. O beijo nasce na escuridão e se
transforma em arco-íris. Sim, o verdadeiro beijo é dado de olhos fechados. E
basta o roçar do lábio ou a maciez do toque para que um mundo maravilhoso se
faça no mesmo instante. O beijo é também anestésico, tem o poder de causar
tanta sensibilidade que redunda em insensibilidade extasiante. Quem beija com
devoção amorosa sai de si, se perde nos ares, alça um voo estonteante. O beijo
é ainda ensandecedor, chama à loucura, deixa a pessoa com pouco juízo, apta a
cometer verdadeiras insanidades amorosas. O beijo, enfim, é a mais bela e
sublime das poesias. Nasce silenciosa, sem rima ou estrofe, sem verso ou
métrica, mas alcança tamanha perfeição que não há quem conteste sua escrita na
alma, no ser, no coração. Assim, apenas parte do beijo, pois seu verdadeiro
sentido somente é compreendido após o olhar e a aproximação. E o leve toque
numa nuvem de paraíso.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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