Rangel Alves da Costa*
Cala-te por um instante. Não importa que a
janela esteja fechada ou aberta. Em tudo a mesma paisagem de tristeza e
solidão. Deixe que o silêncio seja a única voz além das íntimas palavras. Este
momento é seu. Tudo já fez no instante passado. O velho álbum continua aberto
em cima da cama, o diário restou caído ao chão. Os retratos, as cartas e as
lembranças esvoaçam como folhas de outono. Não podia fugir do reencontro. O
passado é espelho que não pode ficar esquecido. Sim, chore se quiser chorar,
pranteie se quiser prantear, grite se quiser gritar, sorria se quiser sorrir.
Ou viva ou morra se assim desejar. O que não pode subir à nuvem para fugir da
terra, do passo, do encontro. Muito pode fazer a partir desse encontro de
agora. Ou continuar sofrendo pelo que ainda povoa as noites de insônia ou tudo
guardar, tudo jogar fora e buscar um caminho novo. Dependendo da escolha, a
paisagem adiante poderá ser de sol ou de tempestade. Mas a escolha é sua.
Contudo, mesmo rasgando o passado, suas sombras permanecerão como presenças
constantes. Escolhendo esquecer o que passou será possível conciliar o tempo
ido com os novos tempos. E neste misto de indecisão, sempre o novo surge para
indicar caminhos. E talvez o encorajamento para sair do silêncio e da solidão e
ir ao encontro de uma flor do campo. Ela está na estrada e espera por alguém.
Este alguém pode ser você.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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