SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 4 de outubro de 2015

Palavra Solta: no silêncio


Rangel Alves da Costa*


Cala-te por um instante. Não importa que a janela esteja fechada ou aberta. Em tudo a mesma paisagem de tristeza e solidão. Deixe que o silêncio seja a única voz além das íntimas palavras. Este momento é seu. Tudo já fez no instante passado. O velho álbum continua aberto em cima da cama, o diário restou caído ao chão. Os retratos, as cartas e as lembranças esvoaçam como folhas de outono. Não podia fugir do reencontro. O passado é espelho que não pode ficar esquecido. Sim, chore se quiser chorar, pranteie se quiser prantear, grite se quiser gritar, sorria se quiser sorrir. Ou viva ou morra se assim desejar. O que não pode subir à nuvem para fugir da terra, do passo, do encontro. Muito pode fazer a partir desse encontro de agora. Ou continuar sofrendo pelo que ainda povoa as noites de insônia ou tudo guardar, tudo jogar fora e buscar um caminho novo. Dependendo da escolha, a paisagem adiante poderá ser de sol ou de tempestade. Mas a escolha é sua. Contudo, mesmo rasgando o passado, suas sombras permanecerão como presenças constantes. Escolhendo esquecer o que passou será possível conciliar o tempo ido com os novos tempos. E neste misto de indecisão, sempre o novo surge para indicar caminhos. E talvez o encorajamento para sair do silêncio e da solidão e ir ao encontro de uma flor do campo. Ela está na estrada e espera por alguém. Este alguém pode ser você.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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