Rangel Alves da Costa*
Há uma estrada, há um caminho, uma vida.
Seguir, seguir, seguir em frente, é preciso. Mesmo que a rede chama à
sonolência, mesmo que a sombra chama ao descanso, mesmo que a moringa mostre o
conforto d’água, mesmo que a moradia seja de conforto, não há como fugir da
estrada. A estrada não é somente por onde o ser coloca o pé para caminhar, mas
tudo que se chame vida, amanhã, sonhos, objetivos, realizações. Estrada não é
somente o chão entrecortado de flores e espinhos, de curvas e labirintos, de
arvoredos e descampados. Não. A estrada é muito mais. Estrada é o tempo, é a
idade, é a criança que se torna menino e o garoto que se torna adolescente, e
daí em diante. Estrada é esse passo na vida, no mundo, na existência. Ninguém
pode se esconder para não seguir, ninguém pode fugir para não partir. Ora, vive-se
a partir e através de uma porta aberta. E esta porta é o próprio destino, o
próprio futuro humano. Sim, tantas vezes de percurso espinhento, difícil demais
de caminhar. Outras vezes exasperante, desencorajador, desesperançoso demais.
Mas impossível não abrir a porta para seguir em frente. O pensamento já é um
caminho, o desejo já é uma porteira, a realização se imagina como chegada. E
todo mundo quer chegar. É por isso que há tanta luta, tanto cansaço, tanto
esforço para seguir em frente. Há o queimor pelo sol e o calor de um deserto em
tudo, mas adiante a paz sombreada, a certeza que valeu a pena o sacrifício e o
agradecimento pelo oásis da existência não estar tão distante.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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