SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Palavra Solta: pela estrada


Rangel Alves da Costa*


Há uma estrada, há um caminho, uma vida. Seguir, seguir, seguir em frente, é preciso. Mesmo que a rede chama à sonolência, mesmo que a sombra chama ao descanso, mesmo que a moringa mostre o conforto d’água, mesmo que a moradia seja de conforto, não há como fugir da estrada. A estrada não é somente por onde o ser coloca o pé para caminhar, mas tudo que se chame vida, amanhã, sonhos, objetivos, realizações. Estrada não é somente o chão entrecortado de flores e espinhos, de curvas e labirintos, de arvoredos e descampados. Não. A estrada é muito mais. Estrada é o tempo, é a idade, é a criança que se torna menino e o garoto que se torna adolescente, e daí em diante. Estrada é esse passo na vida, no mundo, na existência. Ninguém pode se esconder para não seguir, ninguém pode fugir para não partir. Ora, vive-se a partir e através de uma porta aberta. E esta porta é o próprio destino, o próprio futuro humano. Sim, tantas vezes de percurso espinhento, difícil demais de caminhar. Outras vezes exasperante, desencorajador, desesperançoso demais. Mas impossível não abrir a porta para seguir em frente. O pensamento já é um caminho, o desejo já é uma porteira, a realização se imagina como chegada. E todo mundo quer chegar. É por isso que há tanta luta, tanto cansaço, tanto esforço para seguir em frente. Há o queimor pelo sol e o calor de um deserto em tudo, mas adiante a paz sombreada, a certeza que valeu a pena o sacrifício e o agradecimento pelo oásis da existência não estar tão distante.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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